Talvez você conheça a árvore como pau d’arco, talvez se refira a ela como ipê. Até a ciência tem nomes variados para essas espécies de cores múltiplas, subdivididas em gêneros que na verdade são sinônimos na taxonomia, o Tabebuia e o Handroanthus.

Certo é que existe uma diversidade muito grande de árvores desse tipo no Brasil, e o nome pau d’arco parece ser uma herança dos povos originários, que usavam sua madeira dura para preparar arcos usados na caça de animais.

Com tanta presença em nosso território, era de se esperar que o pau d’arco também entrasse na medicina popular, sendo consumida como um chá. Mas será que ele traz mesmo benefícios à saúde?

Compostos de diferentes ipês

No caso do ipê-roxo (ou rosa), várias partes, desde as flores, até frutos e cascas, já foram usadas tradicionalmente para tratamento de dor, inflamação, febre, e as mais diversas mazelas. A composição química deste tipo de planta tem propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias, antifúngicas e antimaláricas. Grande parte disso vem do lapachol, seu grande princípio ativo.

Compostos feitos com essa substância têm propriedades interessantes para a saúde e são alvos de estudos, mas é importante observar: esses experimentos ocorrem in vitro ou em animais. Apesar de promissor, o chá não tem evidências robustas de que conserve esses benefícios em níveis interessantes para o consumo humano.

Já o ipê-branco mostra potencial farmacológico para inibição de dor e tem agentes potenciais no tratamento de hiperuricemia, inflamação e gota. O ipê-amarelo, por sua vez, pode trazer ambiguidade ainda maior quando falamos dos estudos: isso porque são várias espécies diferentes que dão flores dessa cor, e nem todas são estudadas a fundo.

De modo geral, essa árvore é pesquisada pelo potencial para formulação de medicamentos pelos compostos que variam desde dotados de atividade bactericida, até antiofídica, fungicida, anti-inflamatória e anti-hemorrágica.

Ou seja: como o pau d’arco é um nome que contempla muitas árvores aparentadas, não existe um único chá de pau d’arco, e os benefícios (além de modestos) podem acabar variando de acordo com a espécie que existe em sua região.

Compostos do chá

A principal atenção científica em torno do pau d’arco é dirigida a substâncias isoladas que podem ser obtidas na planta e posteriormente empregadas em medicamentos. Não há tanta certeza assim sobre a permanência dos compostos no chá, ou se eles existem em uma concentração que faça muita diferença para quem toma.

Além disso, pela falta de estudos, também não há um dado consolidado sobre doses que podem se tornar tóxicas ou interagir com medicamentos. Por isso, consuma com moderação. 

Como fazer

O preparo costuma ser feito com uma medida de 10 a 15 gramas de casca para cada meio litro de água, sem fazer uso prolongado do chá, nem beber mais que duas xícaras por dia.

Em caso de qualquer efeito indesejado, suspenda o uso imediatamente e procure um médico. Vale ressaltar também que o uso não é recomendado para gestantes, lactantes e crianças. Pessoas com problemas renais, digestivos e de coagulação também devem ouvir um médico antes de consumir esse chá.