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- Author, Programa Archive on Four, da BBC Radio 4
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“Mãe, pai, estou bem. Estou com alguns arranhões, mas eles lavaram tudo e já estão melhorando. Peguei um resfriado, mas me deram remédio.”
“Não estou passando fome, não estão batendo em mim nem me aterrorizando desnecessariamente.”
Estas foram as palavras de Patricia Hearst, uma herdeira californiana de 19 anos, em uma gravação divulgada por seus sequestradores em 1974.
O sequestro iria dominar as manchetes dos jornais nos Estados Unidos por dois anos, período durante o qual a imagem da jovem aos olhos do público sofreria transformações profundas.
De refém, ela passaria a guerrilheira, assaltante de banco e fugitiva.
Para muitos, um caso típico do transtorno psicológico conhecido como síndrome de Estocolmo, em que vítimas desenvolvem vínculos emocionais com seus sequestradores.
Leia, a seguir, a incrível história do sequestro que culminou, após muitas reviravoltas, na prisão de Hearst. E que até hoje confunde opiniões: seria ela culpada ou vítima?
Sequestro
Patricia Hearst, que passaria a ser chamada de Patty, foi sequestrada por volta das 21h no dia 4 de fevereiro.
Ela foi levada por uma mulher e dois homens armados do apartamento onde morava com o noivo próximo ao campus da Universidade da Califórnia em Berkeley, onde ela estudava. E jogada no porta-malas de um carro.
“Houve um grande sequestro na costa oeste”, declarou o apresentador da rede CBS News em cadeia nacional no dia seguinte.
Tinha sido, de fato, um grande sequestro. A vítima era filha do executivo de mídia Randolph Hearst e neta do lendário magnata dos jornais William Randolph Hearst, em cuja figura, famosamente, o filme Cidadão Kane, de Orson Welles, havia sido inspirado.
Embora sem coroa, os Hearst eram uma espécie de “família real” na sociedade americana. Pouco tempo antes do sequestro, aliás, Patty tinha recebido o então príncipe Charles na residência da família.
Mais tarde, Patricia relataria que, com os olhos vendados, tinha sido jogada dentro de um armário. Ela permaneceria ali durante 57 dias. Do lado de fora, pessoas hostis, armadas, a ameaçavam e xingavam. Também xingavam sua família. Em outros momentos, deixavam um rádio ligado, tocando música, para que ela não escutasse suas conversas.
Como é que uma coisa dessas podia estar acontecendo com essa família? Eles eram parte da história dos Estados Unidos, donos do maior império jornalístico que já existira.

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Guerra ao Estado americano
O grupo que sequestrou Hearst era autodenominado Symbionese Liberation Army, ou SLA. A palavra symbionese, cunhada pelo grupo, fazia referência ao termo simbiose, usado na biologia para descrever organismos de espécies diferentes que vivem juntos em harmonia.
Seus integrantes eram revolucionários de esquerda inspirados por movimentos radicais da costa oeste dos Estados Unidos e da América Latina.
Depois da exuberância da década de 1960, os anos 1970 nos Estados Unidos foram um período de grande inquietação.
Havia escassez de petróleo e os maiores índices de desemprego desde a Grande Depressão da década de 1930. Manifestações estudantis em protesto contra as guerras no Vietnã e Camboja tinham sido duramente reprimidas.
No início dos anos 1970, um grupo chamado Weather Underground declarou guerra ao Estado americano, colocando bombas em Washington, no Pentágono e no prédio do Departamento de Estado. Os atentados, em protesto contra as guerras no Vietnã, Camboja e Laos, foram planejados para não causar vítimas.
Jovens brancos começam a visitar prisões da Califórnia que eles chamam de campos de concentração da América fascista.
Esse é o cenário para o surgimento, em 1973, do SLA.
E o sequestro de Hearst não foi o primeiro ato do grupo.
Eles estariam por trás, por exemplo, da morte, em novembro de 1973, do superintendente das escolas da cidade de Oakland pela criação de cartões de identificação voluntários.
‘Maior resgate da história’
As palavras de Patty Hearst no início dessa reportagem chegaram ao público em uma fita cassete enviada a uma estação de rádio uma semana após o sequestro.
Em um outro trecho da gravação, ela diz aos pais que está com um grupo de combate armado com fuzis automáticos.
“Não seria bom alguém tentar me tirar daqui pela força. Esse pessoal não é apenas um bando de malucos, eles foram muito honestos comigo, mas estão perfeitamente dispostos a morrer pelo que estão fazendo. Quero sair daqui, mas o único jeito é fazermos o que eles querem.”
A fita cassete continha também uma mensagem do líder do grupo, um prisioneiro negro foragido chamado Donald De Freeze que adotara o nome de Cinque Mtume. Cinque em homenagem ao líder de uma revolta de escravos e Mtume palavra do idioma swahili que quer dizer profeta.
“Saudações ao povo e camaradas, irmãos e irmãs”, dizia Mtume.
“O SLA prendeu esta pessoa pelos crimes que sua mãe e seu pai, por suas ações, cometeram contra nós, o povo americano e os povos oprimidos do mundo.”
“Para entendermos essa acusação, temos primeiro de entender quem são os Hearst, a quem servem e quem representam.”
“Randolph, um Hearst, é o presidente corporativo do império de mídia fascista da ultradireita Hearst Corporation, uma das maiores instituições de propaganda da atual ditadura militar do Estado corporativo militarmente armado sob o qual vivemos hoje nesta nação.”
O resgate exigido pelo SLA foi extraordinário.
O grupo pediu, como um “gesto de boa vontade”, um programa de alimentação financiado pela família Hearst para milhões de californianos.
Toda pessoa que recebesse algum tipo de assistência pública, aposentados, veteranos de guerra com deficiência, prisioneiros em liberdade condicional, entre outros, deveria receber US$ 70 em carne, legumes e verduras e laticínios.
Os alimentos teriam de ser distribuídos durante mais de quatro semanas.
“Como alguém pode discordar do desejo de que pessoas famintas recebam comida?”, comentaria Patty no ano seguinte em entrevista nunca divulgada.
O valor exigido era impressionante. Chegaria a US$ 400 milhões, segundo alguns jornais, o maior resgate da história.
A opinião pública estava dividida, comenta, em entrevista à BBC, o historiador e jornalista Rick Perlstein.
Segundo ele, o SLA exigia US$ 70 em alimentos não apenas para qualquer pessoa que tivesse recebido assistência pública, mas também para qualquer pessoa que tivesse passado pela cadeia ou estivesse em liberdade condicional.
“Como se qualquer pessoa que já tivesse sido presa fosse uma vítima política de uma sociedade fascista. Não acho que as pessoas estavam preparadas para aceitar isso.”
Por falta de organização, a distribuição dos alimentos foi desastrosa. A primeira tentativa, em Oakland, terminou em protestos, baderna e saqueamentos. Alimentos foram jogados de caminhões em movimento, pessoas ficaram feridas.
Enquanto isso, agentes do FBI procuravam o SLA.
Em mais uma gravação divulgada pelo grupo, Patty Hearst alerta a polícia contra qualquer tentativa de resgatá-la por meio da força:
“Pai, mãe, estou gravando essa fita para dizer que continuo bem. E para explicar algumas coisas.”

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Hearst prossegue enfatizando que está viva, e que é deprimente ouvir as pessoas falarem dela como se ela estivesse morta.
“Isso começa a convencer outras pessoas de que talvez eu esteja mesmo morta. E quando todo mundo estiver convencido de que estou morta, isso dará ao FBI uma desculpa para vir tentar me tirar daqui. E eu não quero morrer desse jeito.”
Desafiando as autoridades, Cinque Mtume grava a seguinte mensagem:
“Você de fato me conhece. Você sempre me conheceu. Eu sou aquele que você tem caçado e temido noite e dia.”
“Eu sou aquele negro que não é mais apenas caçado, roubado e assassinado. Eu sou aquele negro que te caça agora.”
Em outro trecho da gravação, Mtume diz:
“Você conhece todos nós. E nós conhecemos você. O opressor, assassino e ladrão. E você caçou, roubou e explorou a todos nós. Agora, somos os caçadores que não vão te dar descanso. E não vamos comprometer a liberdade de nossos filhos.”
“Morte ao inseto fascista que ataca a vida das pessoas”, conclui Mtume.
A mensagem alarmou o público americano por seu tom agressivo e ameaçador.
A essa altura, os americanos começam a perceber também, agora na voz de Patty Hearst, uma mudança de tom.
Surge a guerrilheira Tania Hearst
O jornalista John Lester, que se tornara uma espécie de porta-voz da família Hearst, comenta a transformação na imagem da refém.
(No início) “ouvíamos a voz dela, ‘oi mãe, oi pai’, muito triste, grave. E depois ela foi ficando cada vez mais forte, até denunciar os pais.”
Lester está se referindo a um dos episódios mais extraordinários do caso Hearst. Dois meses após seu sequestro, Patty Hearst grava uma mensagem anunciando que havia se aliado ao SLA e agora se chama Tania, nome de uma guerrilheira comunista argentina que tinha morrido em combate, lutando ao lado de Che Guevara.
“Permitiram que eu escolhesse entre: um, ser libertada em uma área segura; ou, dois, me aliar ao Symbionese Liberation Army e lutar pela minha liberdade e pela liberdade de todos os povos oprimidos.”
Com voz firme e assertiva, Patty Hearst prossegue:
“Escolhi ficar e lutar. Pai, você disse que teme pela minha vida. E você disse que também se preocupa com a vida e os interesses de todas as pessoas oprimidas desse país. Você é um mentiroso. E como um membro da classe dominante, eu sei que os seus interesses e os da minha mãe nunca são os interesses do povo.”
A transformação em Patty Hearst era tão profunda que, para muitos, era como se ela tivesse sido “possuída”.
Uma outra personalidade, Tania, havia se apoderado do corpo de Patty.
A partir desse ponto, ela perde a simpatia do público.
“Ela disse as coisas mais absurdas. Que seu pai era parte da conspiração para gerar a crise energética. ‘Você também me mataria se necessário.’ As coisas mais loucas que é possível imaginar. E isso vindo de uma menina que, poucos meses antes, parecia ser uma jovem americana obediente, de sangue quente e normal.”
Falando à imprensa, o casal Hearst disse não acreditar que a filha havia se aliado aos sequestradores.
“Eu pessoalmente não acredito nisso”, disse Randolph Hearst. “Nós a tivemos por vinte anos, eles estão com ela há 60 dias. Não acredito que ela possa ter mudado suas filosofias tão rapidamente.”
Catherine Hearst, mãe de Patty, acrescentou:
“Concordo com meu marido. Conheço minha menina muito bem e sei que ela nunca se aliaria a uma organização como essa sem ser coagida. Nós a amamos e esperamos que ela volte para casa logo.”
Pouco tempo depois, no dia 15 de abril de 1974, Patty Hearst faz sua primeira aparição como guerrilheira do SLA.
Duas mulheres brancas, um homem branco e um homem negro, todos armados, roubam um banco em São Francisco, na Califórnia. Eles dizem ser integrantes do SLA e, segundo uma testemunha, uma das mulheres se identifica como Tania. Tania Hearst.
Imagens de câmeras de segurança mostrando Patty Hearst armada com uma metralhadora circulam pelo mundo.
A ex-refém é agora uma fugitiva da polícia, e o SLA decide sair de seu esconderijo em São Francisco – uma casa infestada de baratas – e procurar refúgio em Los Angeles.
A decisão se revelaria, para o grupo, um erro fatal.
Achando que serão bem recebidos, se alojam em um bairro pobre chamado Compton. Dias após sua chegada, o FBI é informado de que um grupo teria sido visto transportando armamentos pesados no local.
Cercados pelo FBI
No final da tarde de 17 de maio de 1974, a polícia de Los Angeles cerca a casa onde o SLA está escondido.
Os policiais ordenam ao grupo que se entregue, mas eles se recusam. Então, os agentes atiram granadas dentro do prédio, que pega fogo. Em meio às chamas, inicia-se um tiroteio, transmitido ao vivo pela televisão para todo o país.
Entre os telespectadores estão Randolph e Catherine Hearst, acompanhados por John Lester.
Falando à Rádio 4 da BBC, o jornalista relembra aqueles momentos dramáticos.
“A principal preocupação era que Patricia estivesse na casa. No final, ficamos sabendo que ela não estava lá. Mas a família assistia a tudo chocada e horrorizada. Ninguém falava.”
Depois de uma hora de tiroteio, seis guerrilheiros estão mortos. O casal Hearst conclui que acaba de assistir, ao vivo, pela TV, à morte de sua filha.
Após um dia de especulações, eles são informados de que não, Patty não está entre os mortos.
Na verdade, a ex-refém também assistira ao tiroteio, em um quarto de motel perto da Disneylândia.
E é nesse quarto de motel, acompanhada por dois dos fundadores do SLA, que ela grava sua última mensagem.

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“Saudações ao povo. Aqui é Tania. Eu quero dizer o que sei sobre os nossos seis camaradas mortos. Porque os porcos fascistas da mídia estão criando uma versão distorcida desses lindos irmãos e irmãs.”
“Eu morri naquele incêndio na rua 54. Mas das cinzas renasci. Sei o que tenho de fazer. Nossos companheiros não morreram em vão. O porco mente sobre a conveniência de eu me render. Só me tornaram mais determinada. Eu renunciei ao meu privilégio de classe quando Cinque me deu o nome de Tania. Embora eu não tenha nenhum desejo de morrer, nunca tive medo da morte. Por essa razão, a teoria da lavagem cerebral do porco Hearst sempre me divertiu.”
“A vida é muito preciosa para mim, mas não tenho ilusões de que ir para a prisão me manterá viva. E eu nunca escolheria viver o resto da minha vida cercada por porcos como os Hearst.”
‘O ano perdido’ de Patty Hearst
Saindo de Los Angeles, Patty e os outros dois integrantes do SLA seguem para o leste, sequestrando, e depois libertando, duas pessoas ao longo do caminho.
Depois do tiroteio em Los Angeles, os guerrilheiros sobreviventes tornam-se fugitivos. Inicia-se o que mais tarde seria chamado “o ano perdido” de Patty Hearst e ela se afasta da facção principal do grupo.
Para o jornalista Rick Perlstein, nessa fase Hearst cria para si mesma uma identidade independente como radical.
“Ela lê feministas radicais e escritores anticoloniais por conta própria. Talvez ela seja, ou talvez não seja membro ativo do SLA, mas ela com certeza está se tornando uma integrante ativa da esquerda radical.”
Segundo Perlstein, nessa fase Hearst tem total autonomia, está livre para ir embora, se quiser.
“O líder da gangue está morto e você não pode manter o tipo de disciplina que eles tinham em São Francisco”, diz Perlstein.
Durante seu julgamento em 1976, as várias oportunidades de escapar que ela deixa de aproveitar serão usadas como evidência contra Hearst.
O SLA retorna para o norte da Califórnia, onde realiza um assalto a banco que deixa uma mãe de quatro filhos, Myrna Opsahl, morta.
Mike Borton é um dos quatro membros do grupo a admitir culpa pelo crime. Ele recebe pena de seis anos de prisão.
“Nunca acreditei que pessoas inocentes deveriam ser feridas de forma alguma”, diz Borton em entrevista à BBC. (A morte da vítima) “foi a pior coisa que poderia ter acontecido.”
Patty Hearst, por sua vez, seria julgada por sua participação no assalto ao banco Hibernia em abril de 1974.
Prisão e julgamento
Hearst é presa no dia 18 de setembro de 1975. Seu julgamento começa no dia 4 de fevereiro do ano seguinte, exatos dois anos após seu sequestro.
Entre os jornalistas que cobrem o evento – chamado na época de “o julgamento do século”, está Linda Deutsch.
“Quando ela finalmente foi capturada, foi em São Francisco, sua cidade natal. Incrível. A essa altura, já se sabia tudo o que se podia saber sobre ela.”
A opinião pública estava cética, diz a jornalista.
“Achavam que ela era culpada, mas como era rica, ia escapar (da prisão).”
O julgamento se arrasta por vários meses. Entre as pessoas ouvidas estavam membros do SLA e muitos especialistas, lembra Deutsch.
Em defesa da acusada, Catherine Hearst argumenta que a filha teria sofrido lavagem cerebral. Uma estratégia mal-sucedida.
“Um psiquiatra tinha aconselhado que essa seria a melhor linha de defesa, mas por causa das coisas que Patty tinha dito, era difícil de acreditar”, opina Deutsch.
Segundo a defesa, a transformação na personalidade de Patty Hearst seria consequência de um transtorno psíquico.
“Disseram que ela tinha sido vítima da síndrome de Estocolmo. Mas isso é muito difícil de provar.”
Patricia Hearst é condenada a sete anos de prisão por assalto a banco, mas serve apenas dois. A sentença é comutada pelo presidente Jimmy Carter em 1979. Em 2001, em seu último dia na presidência dos Estados Unidos, Bill Clinton concede perdão completo a Hearst.

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‘Você não tem noção de quão frágil você é’
Em 1996, ela oferece sua versão sobre o processo psicológico que vivenciou em entrevista ao canal de TV britânico Channel 4.
“Você se aliou a eles, (correto)?”, pergunta a apresentadora.
“Sim, quando eles disseram, roube um banco ou vamos te matar, eu disse, ok”, responde Hearst, rindo com ironia.
“Parece simples quando você coloca dessa forma”, comenta a apresentadora.
“Sim, foi simples assim. Mas vai ficando mais complicado. Porque quanto mais eles trabalham em você, quanto mais eles torturam você, quanto mais você finge que está do lado deles, mais aquilo vai se tornando uma realidade para você. Você não sabe mais o que está fazendo.”
“E chegou a um ponto em que me disseram que não era nem para eu pensar nas pessoas que eu conhecia. E eu tinha tanto medo de pensar nos meus pais, na minha casa, que durante anos eu deixei de lembrar como era o apartamento em que eu morava, em que escola minhas irmãs estudavam, que matérias eu estava fazendo. Eu simplesmente não conseguia lembrar”, conta Hearst.
“Então você apagou sua vida anterior?”
“Sim. Isso é tão fácil de acontecer, você não tem noção de quão frágil você é”, responde Hearst.
O membro do SLA Mike Borton esteve a sós durante alguns períodos com Patty Hearst.
Teria Patty Hearst ficado com o SLA por vontade própria? Será que ela de fato acreditava nas coisas que dizia nas gravações?
“Eu acho que ela achava que acreditava naquilo. Era como aquele zelo dos recém-convertidos. Mas era muito superficial. Eu tinha a impressão de que ela não conseguia ver o mundo todo, ela tinha uma visão muito estreita do mundo.”
“Um dia, estávamos andando no parque, fazia apenas três ou quatro meses que eu a conhecia. Ela disse, ‘sabe, às vezes tenho vontade de que alguém me sequestre de novo, me leve para Nova York, me tire daqui’. “
Borton diz que decidiu não contar aquilo para os outros integrantes do grupo. Mas a partir daquele momento passou a ver a suposta conversão de Patty Hearst ao SLA com ceticismo.
Em sua autobiografia, publicada em 1982, Hearst diz, “acomodei minhas ideias para que coincidissem com as deles”.
Para alguns, como o jornalista Benjamin Ramm, da Rádio 4 da BBC, apresentador do programa em que se baseia esse artigo, Hearst aprendeu a imitar seus sequestradores para poder sobreviver. Mas adotou aquela personagem com tanta fluência que já não se distinguiam Patty real e Patty criação.
Baseado em conteúdo extraído do documentário ‘Captive Media’, da BBC Rádio 4
Fonte.:BBC NEWS BRASIL