A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta terça-feira (14) a quarta fase da Operação Mente Sã. A operação tem como objetivo, de acordo com a PF, “reprimir o tráfico e o uso coletivo de drogas no ambiente acadêmico da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).” Os investigadores suspeitam que dois estudantes organizam pedidos e repasses de drogas na universidade.
A operação foca na Casa do Estudante da UFSM. Segundo o site da universidade, a casa é “uma das ações da Política de Assistência Estudantil.” O objetivo do local seria “apoiar a permanência de estudantes de baixa, renda (sic.) regularmente matriculados nos cursos presenciais da instituição, não residentes no município.” Apesar do nome no singular, existem seis casas espalhadas pelos câmpus da UFSM.
Na investigação, a PF apreendeu um celular. Nele, encontrou um grupo com mais de 200 participantes. Nesse grupo, teria ocorrido “a solicitação coletiva e a comercialização de entorpecentes entre estudantes.”
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A operação começou em dezembro de 2023. Na terceira fase, a PF chegou a apreender uma porção de maconha. Apesar de ter descoberto o grupo de WhatsApp, a polícia suspeita que os estudantes criaram outros.
Após a deflagração, o movimento Marcha da Maconha de Santa Maria publicou nota de repúdio em suas redes sociais. De acordo com a nota, “a apreensão de sementes e plantas de Cannabis mostra mais uma vez o fracasso da política de guerra às drogas no Brasil.” O movimento também argumenta que o Brasil “insiste em criminalizar usuários ao invés de promover políticas de redução de danos e respeito aos direitos humanos.”
Embora não negue que de fato a PF encontrou indícios de uso de drogas, o grupo cita o recente precedente do Supremo Tribunal Federal, que definiu que o porte de até 40 gramas de maconha não constitui crime. A nota ainda acusa os policiais de “abusos cometidos durante a operação, que expôs os estudantes a situações humilhantes, com violações claras de direitos básicos e da dignidade.”
A manifestação finaliza dizendo que o combate às drogas realizado na operação “reflete o racismo estrutural e a seletividade do sistema de justiça, que continua criminalizando a juventude pobre enquanto ignora questões sociais reais.”
Fonte. Gazeta do Povo