O governo dos Países Baixos, região europeia ainda mais conhecida como Holanda, assumiu o comando de uma empresa estrangeira que atua no país. Trata-se da Nexperia, uma fabricante de semicondutores especializada em componentes automotivos e para eletrônicos de consumo.
O caso foi registrado na segunda-feira (12) e está apoiado em uma lei nacional, a Goods Availability Act. Ela permite que o governo faça intervenções em empresas privadas para garantir a disponibilidade de produtos ou peças para situações de emergência — ela foi criada no período da Guerra Fria e nunca havia sido utilizada.
De acordo com as autoridades locais, a medida foi tomada por questões de segurança nacional e também para garantir que a Europa tenha chips disponíveis a curto prazo. O tema está em alta na indústria atual, em especial pela crescente demanda por chips capazes de lidar com sistemas de IA.
Ações em baixa e bloqueio comercial
A medida até então inédita do governo europeu levantou suspeitas do envolvimento dos Estados Unidos na ação. Por ser tratar de uma empresa com laços diretos com a China, a Nexperia já constava na “lista proibida” de companhias que são proibidas de manterem laços comerciais com norte-americanos e aliados.
- O presidente executivo da Nexperia, Zhang Xuezheng, foi destituído do cargo com efeito imediato. O chefe financeiro da empresa, Stefan Tilger, e o executivo do setor de chips, Guido Dierick, vão atuar na gerência de forma interina;
- No dia seguinte da intervenção, as ações da empresa chinesa Wingtech, que é a dona original da Nexperia, caíram 10% como resposta à perda de comando da subsidiária;
- Em reposta, o governo chinês implementou uma barreira comercial que impede a exportação de produtos e peças de empresas do país asiático para a Nexperia;
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No comunicado oficial, o governo diz que foram encontrados problemas administrativos que ameaçavam “conhecimento técnico crucial” e seriam “um risco para a segurança econômica europeia e dos Países Baixos“. Ele ainda mencionou o fato de Xuezheng atuar como CEO e acionista indireto como algo problemático, sem detalhar os argumentos.
Já a Wingtech, dona da Nexperia desde 2018, diz que a decisão envolveu uma “interferência excessiva por motivos de viés político“. Ela acusa ainda executivos de fora da China de tentarem uma “tomada de poder disfarçada” da empresa.
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Fonte.: TecMundo