10:33 AM
18 de outubro de 2025

Câncer após transplante: o que se sabe do caso e como é feita análise de órgãos doados

Câncer após transplante: o que se sabe do caso e como é feita análise de órgãos doados

PUBLICIDADE



Um caso raríssimo na literatura médica ganhou as manchetes nos últimos dias: um paciente de São Paulo, que havia recebido um transplante de fígado em 2023, desenvolveu câncer com metástase algum tempo após o procedimento.

Quando testes foram realizados, confirmou-se a situação atípica: o tumor maligno tinha origem no próprio órgão doado.

Pacientes com câncer em geral não são elegíveis para doar órgãos e, mesmo quando a pessoa não tem histórico conhecido da doença, testes são realizados para confirmar que não há a presença de células tumorais no material que será recebido por outra pessoa.

A situação grave revelada durante a semana, porém, expôs uma realidade pouco comum que ainda é um desafio no universo dos transplantes: algumas doenças presentes podem escapar a todos os métodos de avaliação.

+Leia também: Transplantes: inovações visam diminuir a espera por órgãos

O que se sabe sobre o caso

O técnico de eletrodomésticos Geraldo Vaz Junior, de 58 anos, é o paciente acometido pelo câncer. Sofrendo com um quadro de cirrose hepática que se desenvolveu a partir de uma hepatite C, ele se submeteu a um transplante de fígado em 8 de julho de 2023.

Continua após a publicidade

Cerca de sete meses mais tarde, ele descobriu que tinha um adenocarcinoma no fígado, que posteriormente passou por metástase e atingiu também um pulmão. Segundo informações repassadas pela família à imprensa, Geraldo está atualmente sob cuidados paliativos, diante da irreversibilidade do quadro.

Embora o caso só tenha vindo a público nos últimos dias, Geraldo recebeu a notícia da reviravolta inesperada já na época, em março de 2024: um exame de DNA confirmou que as células cancerígenas não vinham dele próprio. “Nesse cenário, a principal possibilidade a ser considerada é a de que o adenocarcinoma […] seja de origem da doadora”, concluía o relatório da análise feita à época no Einstein Hospital Israelita, divulgada pela família.

Até a última atualização desse texto, não havia informações adicionais sobre as condições de saúde da doadora, o rastreio de doenças ou a unidade de saúde que realizou esses procedimentos. Para preservar a identidade da doadora, as informações são sigilosas e não foram divulgadas publicamente pelo Ministério da Saúde.

Continua após a publicidade

Como é feita a triagem de órgãos para doação

Casos como o de Geraldo Vaz Junior não são impossíveis, mas são considerados extremamente raros. Há poucos eventos do tipo documentados na literatura médica, justamente porque uma série de cuidados são tomados antes de qualquer transplante para minimizar ao máximo uma situação do tipo.

Doadores em potencial têm seu histórico médico avaliado para uma série de fatores de risco, que incluem uso de álcool ou drogas, o próprio histórico de câncer, a presença de condições crônicas ou doenças infecciosas graves como hepatite ou HIV, entre outros perigos conhecidos.

Mesmo quando o doador é elegível, o próprio órgão passa por exames laboratoriais, de imagem e clínicos para certificar, com um alto grau de confiança, que não traz nenhuma doença para o futuro receptor. No entanto, existe um limite técnico e científico nessa detecção: cânceres em estágios muito iniciais podem escapar a qualquer rastreamento.

Continua após a publicidade

Diante da repercussão do caso, médicos têm enfatizado que situações assim são extremamente raras, e que os benefícios de um transplante, quase sempre feito para evitar uma morte que ocorreria em pouco tempo, superam em muito qualquer risco em potencial.

Compartilhe essa matéria via:

 



Fonte.:Saúde Abril

Leia mais

Rolar para cima