
Crédito, AFP via Getty Images
- Author, Daniel García Marco
- Role, BBC News Mundo
O político de centro-direita Rodrigo Paz venceu o segundo turno das eleições da Bolívia e será o novo presidente do país a partir de 8 de novembro.
Senador pelo Partido Democrata Cristão (PDC), ele conquistou 54% dos votos válidos, superando os 45% obtidos pelo rival, o conservador Jorge Tuto Quiroga, conforme os resultados preliminares divulgados pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) na noite de domingo (20/10).
Ao anunciar os números em coletiva de imprensa, o presidente em exercício do TSE, Óscar Hassenteufel, afirmou que a “tendência é irreversível”.
Paz tem 58 anos, é filho de um ex-presidente boliviano, Jaime Paz Zamora, e economista de formação.
O desfecho sela uma mudança drástica nos rumos da política na Bolívia, que foi governada por quase 20 anos pelo Movimento ao Socialismo (MAS), agremiação de esquerda fundada por Evo Morales e apoiada pela maioria indígena do país.
Morales, líder sindical dos cocaleiros que assumiu o poder em 2006 e foi o primeiro líder indígena da Bolívia, buscou alianças com países como Cuba, Venezuela e Rússia e nacionalizou a indústria de petróleo e gás.
Quiroga havia prometido “mudanças radicais” na agenda do governo com cortes profundos nos gastos públicos e o fechamento ou privatização de empresas estatais deficitárias.
Paz, que já havia conquistado a maioria dos votos no primeiro turno, defende uma abordagem mais gradual, com a manutenção de programas sociais para os pobres e promoção do crescimento do setor privado.
No final de setembro, ele anunciou planos para um acordo de cooperação econômica de US$ 1,5 bilhão com os Estados Unidos para garantir o fornecimento de combustível, enquanto Quiroga buscava um resgate internacional de US$ 12 bilhões apoiado por credores multilaterais.

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O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, declarou nesta semana que ambos os candidatos queriam “relações melhores e mais fortes com os Estados Unidos” após décadas de liderança antiamericana.
“Estas eleições são uma oportunidade de transformação”, disse ele na última quarta-feira.
Alguns bolivianos expressaram medo de medidas de austeridade como as implementadas na vizinha Argentina pelo presidente Javier Milei, embora Paz tenha rejeitado cortes drásticos de gastos.
Fim do ciclo da esquerda no poder
O aumento da inflação, que cresceu 23% em 2025, e problemas como a escassez de combustível erodiram o apoio ao Movimento ao Socialismo (MAS) e ajudam a explicar porque a esquerda ficou de fora do segundo turno das eleições presidenciais.
Antes o motor econômico do país, as exportações de gás natural da Bolívia despencaram, pressionando o boliviano e limitando as importações de combustível.
Os candidatos que disputam a presidência neste domingo se assemelham aos dos governos conservadores da década de 1990, que defendiam a privatização e o estreitamento das relações com os Estados Unidos.
“Estas eleições marcam uma virada política”, disse Glaeldys González Calanche, analista para o sul dos Andes do International Crisis Group, à Reuters.
“A Bolívia está caminhando em uma nova direção”, acrescentou.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL