Hoje se sabe que o fígado pode acumular gordura e hospedar um processo inflamatório crônico com repercussões graves no longo prazo, e não apenas para o órgão.
Esse quadro, que afeta quase 40% da população mundial, segundo estimativas, foi recentemente redefinido pelos especialistas com o estrondoso nome de doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica, mais facilmente reconhecida pela sigla MASLD.
Trata-se de um problema que passa anos sem dar sintomas, em geral associado ao ganho de peso e a outras condições como o diabetes, e que pode evoluir para cirrose ou mesmo câncer de fígado, além de estar associado ao maior risco cardiovascular.
Pois cada vez mais surgem evidências de que uma alimentação desequilibrada eleva a propensão a essa confusão hepática. Nesse contexto, a ciência já aponta que a alta ingestão de carboidratos refinados (pães, massas prontas, doces…) e de bebidas artificiais açucaradas, como refrigerantes e sucos industrializados, aumenta as chances de a MASLD se instalar.
Então será que bebidas diet ou zero açúcar seriam uma alternativa mais saudável para o fígado? Foi essa pergunta que um robusto estudo, recém-apresentado no encontro europeu de gastroenterologia, buscou responder.
Os pesquisadores, ligados a universidades chinesas, analisaram dados de 123 788 britânicos incluídos no UK Biobank, um dos maiores bancos de dados de saúde pública do mundo.
Nenhum deles tinha doença hepática no início do acompanhamento, que durou, em média, dez anos. Ao longo do tempo, eles foram avaliados com exames e questionários que apuravam quanto de bebida açucarada ou diet vinham tomando diariamente.
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A descoberta sobre os refris diets
Após concluir a análise das informações recolhidas, os experts constataram que as bebidas dietéticas não eram mais saudáveis para o fígado do que as versões convencionais açucaradas. Tanto o consumo frequente de produtos adoçados com açúcar como a ingestão de versões com baixo teor ou sem açúcar foram ligados ao maior risco de desenvolver a doença metabólica do fígado.
Por incrível que pareça, pelos cálculos obtidos, as bebidas com baixo teor de açúcar ou com adoçantes chegaram a apresentar uma associação maior com a MASLD do que aquelas abastecidas de açúcar, mesmo quando o indivíduo tomava uma única lata por dia. E a relação aparecia mesmo quando fatores de confusão, como a alimentação e o estilo de vida, eram considerados no cálculo.
“Nossas descobertas desafiam a percepção comum de que essas bebidas são inofensivas e destacam a necessidade de reconsiderar seu papel na dieta e na saúde do fígado, que hoje é uma preocupação global “, disse, em comunicado à imprensa, Lihe Liu, pesquisador da Universidade Soochow, na China, e um dos autores do trabalho apresentado em Berlim, na Alemanha.
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Qual a saída?
Cientistas estão investigando como bebidas artificiais com e sem açúcar repercutem no fígado e uma das principais hipóteses levantadas até o momento é que, se a enxurrada de açúcar afeta diretamente o órgão, os adoçantes podem trazer consequências indiretas.
Enquanto as pesquisas seguem em curso, o estudo recém-apresentado baseado em dados da população britânica reforça o conselho de moderação com refrigerantes, sucos industrializados e afins, mesmo nas versões zero ou diet.
A melhor alternativa nesse sentido seria trocá-los por água. Segundo as novas descobertas, a substituição dessas bebidas por água reduziria entre 12 e 15% o risco de desenvolver MASLD.
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Fonte.:Saúde Abril