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Nunca é tarde, nem cedo demais, para planejar seus objetivos de carreira. Pode ser mudar de emprego, receber um aumento ou até tornar-se uma pessoa mais influente na sua empresa: tudo isso é válido.

Mas você sabe como pensar em metas —e, depois, o que fazer para cumpri-las? Nesta edição, explico a forma mais certeira de fazer isso.

O primeiro passo para estabelecer seus objetivos é entender se eles estão ligados à sua motivação profissional (1) ou à sua realização profissional (2). Explico:

1. No primeiro caso, a motivação está ligada a metas de curto prazo e conquistas que serão alcançadas de maneira mais imediata, segundo Wilma Dal Col, diretora de RH do ManpowerGroup, consultoria global de soluções em RH.

Para ganhar uma promoção, por exemplo, às vezes é necessário fazer horas extras e trabalhar com assuntos que você não gosta. Porém, mesmo com essas desvantagens, você sabe que ascenderá na empresa, e isso gera motivação para continuar.

2. Já a realização profissional tem relação com a maneira como você quer desempenhar sua profissão.

“Ela envolve valores, necessidades que uma pessoa tem e talentos centrais que ela traz, assim como facilidades e gostos que orientam escolhas profissionais, seja em termos de carreira, seja em relação à empresa em que ela vai trabalhar. Eles funcionam como pontos de referência para determinar que tipo de trabalho ou empresa eu quero evitar, ou em qual quero me aprofundar”, diz Dal Col.

↳ Janaina Fidelis, psicóloga especialista em carreiras, classifica numericamente: um ano para metas de curto prazo, dois anos para médio prazo e três anos para longo prazo.

“O mercado de trabalho está muito dinâmico. Novas profissões têm surgido a cada dia. Novas competências têm sido demandadas dos profissionais a cada dia. Então, a gente não consegue pensar em um horizonte muito longo, 5, 10 anos, porque esse mercado de trabalho pode ter mudado”, explica.

Além disso, dois exercícios são importantes na hora de pensar nos seus objetivos:

1. Autoconhecimento: serve para estabelecer onde você está, aonde quer chegar e quais são os caminhos possíveis. Afinal, antes de definir algum objetivo, é necessário entender qual é seu ponto de partida.

2. Autorreconhecimento: depois do primeiro passo, é interessante validar seus pensamentos a partir de como as pessoas que convivem com você te enxergam. Para isso, Dal Col propõe que você peça feedbacks à sua equipe, para entender como aqueles que estão ao seu redor o reconhecem.

Depois de estabelecidas, é hora de tirar tudo do papel. E, para que seu plano dê certo, você deve descrever quais ações são necessárias para cumprir as metas.

Se você quer iniciar uma especialização, por exemplo, é necessário escolher a faculdade, descobrir o prazo de inscrição, estudar caso tenha alguma prova de admissão, fazer um planejamento financeiro para pagar o curso e encaixar as aulas na sua rotina. É importante incorporar todas essas etapas no seu dia a dia de trabalho, para que o objetivo não se perca.

Dal Col dá outro exemplo prático de como incorporar essas pequenas tarefas no dia a dia:

Eu atuo na área de RH da minha empresa e quero ser uma pessoa estratégica que propõe soluções diferenciadas. Por onde começar?

• Eu converso com pessoas que são estratégicas nesta área? Se não, é preciso estabelecer um primeiro contato;

• Com isso, posso eleger um mentor, com quem terei conversas regulares para descobrir mais sobre esse universo. Depois de escolher essa pessoa, é necessário definir a regularidade dos bate-papos e encaixá-los na minha agenda;

• Para ser mais estratégico, preciso também de informações sobre como o negócio funciona. Se não adquiri isso na graduação, talvez seja interessante fazer um curso ou buscar alguma orientação.

Para que esse plano seja bem-sucedido, as especialistas relembram que é importante revisitar essas metas com certa constância. “Não só para ver o que eu estou conseguindo alcançar, mas também para ver o que preciso ajustar nesse planejamento”, diz Fidelis. Aqui, é importante olhar não apenas a grande meta, mas também para as ações que você definiu.

Por que, às vezes, parece tão difícil conseguir cumprir um objetivo? Um dos motivos pode ser, justamente, essa falta de planejamento. Não adianta pensar em uma meta sem um plano de ação para executá-la.

A procrastinação pode ser outra explicação. Segundo Fidelis, uma das nossas características enquanto indivíduos é o apego às pequenas recompensas.

“Quando a gente está falando de uma meta de carreira, nós estamos falando de algo que muitas vezes demora seis meses ou um ano. Então, se a gente se concentrar somente nas recompensas que surgem no dia a dia, posso abandonar o meu plano de carreira”, afirma.

Lembre-se de que imprevistos acontecem, mas eles não devem fazer você abandonar seus objetivos.

Por isso, Dal Col recomenda criar momentos de flexibilidade para rever as metas e as ações para executá-las —e reforça a importância de revisar e revisitar seus objetivos periodicamente.