
O rastreamento universal do câncer de próstata é alvo de debates entre a comunidade científica. Por isso, cientistas buscam compreender se buscar ativamente a doença com exames na população como um todo pode trazer mais benefícios do que danos à saúde.
A divergência ocorre devido à natureza desse tipo de tumor. Alguns têm crescimento progressivo e podem ameaçar a vida. Boa parte, no entanto, tem como característica um comportamento chamado indolente — evoluem de forma lenta, sem sinais ou prejuízos ao indivíduo. Nesse caso, o diagnóstico e tratamento pode expor o paciente a riscos desnecessários (entenda aqui).
Para o câncer de próstata, o rastreio inclui toque retal e o exame de sangue para avaliar a dosagem do antígeno prostático específico, conhecido pela sigla PSA em inglês.
Um novo e amplo estudo, recém-publicado no respeitado New England Journal of Medicine, acrescenta novos elementos a esse quebra-cabeça.
Para a pesquisa, os cientistas acompanharam um grupo de mais de 162 mil homens, de idades entre 55 e 69 anos, pelo período de 23 anos. Os participantes foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos: de rastreamento, que recebeu a oferta de testes de PSA repetidos, ou de controle, que não realizou o rastreio.
A análise indicou que o rastreamento por PSA pode reduzir a mortalidade em 13%.
“Isso pode parecer pouco, mas, especialmente diante de um país grande como o nosso, representa salvar muitas vidas e reduzir os custos com a doença avançada. A pesquisa confirma o que a experiência clínica já mostrava: o rastreamento com o PSA preserva vidas”, destaca Karin Anzolch, urologista e diretora de Comunicação da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
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Os autores recomendam que estratégias futuras priorizem rastreio baseado em risco para minimizar o excesso de diagnósticos mantendo o benefício clínico.
“O trabalho mostra também que, com o avanço da medicina, os benefícios do rastreamento aumentaram e os riscos diminuíram, especialmente quando se utiliza uma abordagem mais personalizada — considerando idade, histórico familiar e outros fatores individuais”, explica Anzolch.
“Mais do que fazer o exame por rotina, trata-se de fazer com consciência, informação e acompanhamento médico. O PSA continua sendo uma ferramenta valiosa, desde que usada com critério — e pode significar anos a mais de vida e qualidade para milhares de homens”, acrescenta.
A SBU recomenda que todos os homens a partir dos 50 anos procurem seu médico para avaliar a necessidade dos exames preventivos. Aqueles com maior risco — como negros, obesos ou com histórico familiar de câncer de próstata — devem iniciar essa avaliação aos 45 anos.
“O importante desse estudo é o tempo de seguimento longo. Para câncer de próstata, isso é extremamente relevante, por ser uma doença de crescimento muito lento”, destaca o médico Mauricio Cordeiro, chefe do Departamento de Uro-oncologia da SBU.
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Fonte.:Saúde Abril 
 
				

 
								 
								 
								 
								 
								 
								 
								 
								 
								