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5 de novembro de 2025

Aporte público em infraestrutura é menor que pré-Lava Jato – 05/11/2025 – Painel S.A.

Aporte público em infraestrutura é menor que pré-Lava Jato – 05/11/2025 – Painel S.A.

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Apesar de o governo Lula elevar os investimentos em segmentos da infraestrutura nos últimos anos, o patamar de aporte de recursos públicos no setor ainda está abaixo do período pré-Lava Jato, quando a operação e a crise econômica que se seguiu nos anos de 2015 e 2016 atingiu em cheio o setor no Brasil.

Empresas privadas, em compensação, têm impulsionado a infraestrutura do país, com recorde de investimentos no ano passado, que totalizaram R$ 259,3 bilhões em 2024 (entre públicos e privados), embalados pelos leilões federais e estaduais que têm sido feitos nessa área no país e incentivos públicos.

O diagnóstico consta no Raio-X do Setor de Infraestrutura Brasileiro deste ano realizado pelo Sinicon (Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada) em parceria com a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), a partir de dados da ABDIB (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base).

Em 2014, o governo federal atingiu um pico de R$ 94,7 bilhões em investimentos na área. No ano passado, os aportes somaram R$ 62,2 bilhões. O número está próximo ao empenhado no início da crise de 2015, quando o setor público gastou R$ 66,9 bilhões com o setor.

Desde então, esse montante vinha caindo até 2023, quando houve uma virada na retomada dos investimentos, mas ainda tímida em relação ao que vinha sendo observado no país entre 2010 e 2015.

A crise econômica do país em 2015 e 2016 trouxe uma mudança na estrutura dos investimentos no setor. Enquanto a participação do governo nos gastos com infraestrutura era bem próxima ao valor investido pelo setor privado em 2010, com 43,6% e 56,4% de participação de cada um, respectivamente, em 2022 houve uma pico de distância nessa proporção.

Naquele ano, 81,5% dos investimentos em infraestrutura eram privados, contra 18,5% de dinheiro público no setor. Com o governo Lula, houve uma retomada do aporte de recursos públicos, principalmente com os financiamentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Hoje, 76% dos aportes no setor são com dinheiro privado e 24%, público.

O estudo da Sinicon e da Firjan, porém, mostra que, mesmo com os investimentos privados compensando a queda dos recursos públicos, no geral, os aportes no setor seguem com uma proporção em relação ao PIB na média de 2%, a mesma observada nas duas últimas décadas.

Segundo a Sinicon, isso é insuficiente para cobrir a depreciação dos ativos públicos e atender às demandas crescentes do país.

Saneamento

A entidade cita como exemplo o segmento de saneamento, onde o Brasil tem metas a cumprir após o novo marco —até 31 de dezembro de 2033, o país terá que garantir acesso a 99% da população à água potável e a 90% à coleta e tratamento de esgoto.

Para isso, o Brasil precisa de investimentos de cerca de R$ 900 bilhões na próxima década. Mas um estudo do Sinicon mostra que o segmento de saneamento representa apenas 4,12% do PIB em estoque de infraestrutura, atrás de eletricidade (14,22%), rodovias (5,88%) e telecomunicações (5,10%).

Além disso, o saneamento apresenta uma lacuna de 137% em relação ao nível de investimento necessário para atingir a média mundial, sendo um dos segmentos mais carentes do país, segundo a Sinicon.

“O investimento em infraestrutura, especialmente em saneamento básico, é essencial para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Não se trata apenas de ampliar redes de água e esgoto, mas de promover qualidade de vida, reduzir desigualdades e impulsionar a produtividade”, diz Humberto Rangel, diretor-executivo do Sinicon.

“Países que alcançaram alto nível de competitividade e bem-estar social o fizeram com base em uma infraestrutura sólida e contínua. O Brasil precisa retomar esse caminho com planejamento e segurança regulatória.”


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Fonte.:Folha de S.Paulo

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