Estou convencida de que a Black Friday dos vinhos é uma jabuticaba. No Brasil, a tal sexta-feira passou a durar um mês, com o nosso maravilhoso conceito de “esquenta”, e se tornou o grande momento do ano para quem ama vinho fazer uma boa reserva. A ideia é se preparar com antecedência para as festas de fim de ano, escolher rótulos para presentear no Natal e deixar a adega recheada para o ano vindouro.
O mês mal começou, mas preços mais baixos já começaram a ser anunciados. Há muita coisa boa, mas é preciso tomar alguns cuidados.
O primeiro deles é saber que os vinhos de entrada, aqueles mais baratos de uma vinícola, são feitos para serem consumidos jovens. Com raras exceções, se já tiverem mais de cinco anos de vida, podem já ter passado de seu auge. Nem todo vinho, afinal, envelhece bem. Se for comprar os mais baratos, prefira os brancos que têm até três anos de vida e os tintos com até cinco. Se estivermos falando de bebidas mais elaboradas e se a importadora for confiável, com um bom sistema de guarda, aí sim vale a pena mirar nos mais antigos.
Não perca os brancos de vista. Embora muita gente acredite que os tintos são superiores, alguns dos melhores vinhos do mundo são feitos de uvas brancas na Borgonha, no Mosel, em diferentes regiões portuguesas, na Grécia. Abra então os olhos para essas oportunidades.
Também sugiro dar uma olhadinha no que está fora de moda, pois o preço pode ser mais interessante. Vinhos como os de Rioja, que estagiam por bastante tempo em madeira, não são os preferidos dos winebars moderninhos, mas são deliciosos. Vale ficar de olho em Chianti e em uvas brancas menos badaladas como a semillon.
Compre de lojas conhecidas e explore as importadoras oficiais, que costumam seguir um perfil específico. Alegria é quando você encontra a que dá um match com seu paladar, meio caminho andado para o sucesso total.
Colunas
Receba no seu email uma seleção de colunas da Folha
Acima de tudo, desconfie de listas de um amigo do amigo do amigo que vende pelo WhatsApp e de sites que aparecem magicamente nas redes sociais com preços maravilhosos —é cilada. E, antes de comprar, mesmo nos lugares confiáveis, vale dar uma pesquisada também se o preço em oferta não é 50% do dobro.
Se vai aproveitar a temporada de descontos, use a oportunidade para conhecer coisas novas: desbrave uvas diferentes, regiões que você não conhece, produtores famosos antes inacessíveis. Deixo abaixo uma listinha esperta do que eu gostaria de comprar neste mês. E a ressalva de que nem todas as importadoras iniciaram suas promoções. É difícil saber o que ainda está por vir, mas desconfio que vale ter reserva.
Na Uva Vinhos, os austríacos da ótima Meinklang, de que, já falei aqui, estão com um belo desconto, o Burgenland Weiss, um corte fresco e redondo de grüner veltliner (50%), welschriesling (40%) e muscat (10%), sai de R$ 165 por R$ 99. O grüner varietal sai um pouco mais caro, a R$ 119. Para os fãs de Borgonha, há rótulos do Domaine Ratte na promoção.
Na Peso da Régua, que tem o catálogo recheado de orgânicos, biodinâmicos e naturais, os rosados franceses atraem como o Vignoble du Loup Blanc Soif Rosé 2022 (R$ 129), feito com cinsault, grenache, syrah e carignan no Languedoc, e o 100% grenache Mas Des Agrunelles Nicot (R$ 151). Também vale o branco Domaine des Amiel (R$ 234) um corte de chenin blanc e vermentino mais encorpado que é um estouro, impressiona qualquer um.
A Grand Cru tem entre os destaques o Niepoort Tawny (R$ 104), feito por um dos melhores produtores da região, o inquieto Dirk Niepoort, e o Victoria Geisse Extra Brut Vintage Rosé (R$ 69), uma pechincha para a qualidade do trabalho de Mario Geisse, que assina essa linha de espumantes e para o terroir de Pinto Bandeira.
Na World Wine, são mais de 200 itens com até 60% de desconto. O tinto Odfjell Dingui Red Blend Orgânico sai a R$ 49 e faz bonito no churrasco. O Longaví Glup Chenin Blanc (R$ 101) é cítrico, tem médio corpo e vai bem com comida thai. E o alemão Ressi Pinot Gris 2021 (R$ 79) oferece uma chance de conhecer o trabalho do produtor Balthasar Ress e dos vinhos do Reno.
Na Casa Flora os descontos são progressivos, aumentam de acordo com o número de garrafas compradas. Uma curiosidade interessante é o Alfredo Roca Alma Inquieta White Malbec (R$ 87), um blanc de noir, branco feito com uvas tintas, para atender ao crescente desejo por brancos. Para quem gosta de borbulhas francesas, vale o Moillard Crémant de Bourgogne Brut Prestige (R$ 269), um 100% chardonnay leve, sequinho e com 12% de álcool.
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.
Fonte.:Folha de São Paulo


