A médica neurologista Claudia Soares Alves, presa em Uberlândia (MG) sob suspeita de mandar matar a farmacêutica Renata Bocatto Derani para ficar com a filha da vítima, protagonizou uma cena incomum durante um exame pericial: segundo a Polícia Civil, ela começou a cantar “Take On Me”, sucesso dos anos 1980 da banda norueguesa A-ha, enquanto era submetida ao corpo de delito.
De acordo com o delegado Eduardo Leal, responsável pela investigação, Claudia mostrou-se “tranquila, sem demonstrar qualquer remorso” e chegou a cantar parte da letra do hit, que fala sobre coragem e sobre agir antes que o tempo acabe. O episódio chamou a atenção dos peritos pela serenidade da médica diante das acusações graves que enfrenta.
A neurologista, que já havia sido investigada em 2024 por tentar sequestrar uma recém-nascida de uma maternidade em Uberlândia, é agora apontada como mentora intelectual do assassinato de Renata Derani, ocorrido em novembro de 2020. Segundo a polícia, o crime teria sido motivado por uma obsessão em ser mãe de uma menina — desejo que a médica tentava realizar a qualquer custo.
“Descobrimos que ela fazia tratamentos de fertilidade e sonhava em ter uma filha. Queria formar a ‘família perfeita’ com o ex-marido de Renata e a filha do casal”, afirmou o delegado.
Um perfil perturbador
Claudia Soares Alves, ex-professora da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi demitida da instituição após a tentativa de sequestro da bebê. Na época, chegou a registrar a criança como sua filha usando documentos falsos, mas foi descoberta e indiciada. Mesmo assim, respondia ao processo em liberdade.
As investigações mostraram que, após não conseguir engravidar, ela tentou adotar ilegalmente e até ofereceu dinheiro para comprar uma recém-nascida na Bahia. Durante buscas em sua casa, os policiais encontraram um quarto totalmente cor-de-rosa, com berço, brinquedos e um boneco reborn, indicando um comportamento obsessivo.
O assassinato de Renata Derani
Renata Bocatto Derani, de 38 anos, foi assassinada a tiros em 7 de novembro de 2020, quando chegava para trabalhar em uma farmácia no bairro Presidente Roosevelt, em Uberlândia. Câmeras de segurança registraram o momento em que um homem se aproximou e disparou pelo menos cinco vezes. Ela ainda tentou se defender, mas morreu no local.
Testemunhas contaram que o atirador deixou uma sacola com objetos e uma carta com ofensas à vítima. A investigação concluiu que o crime foi encomendado por Claudia, que queria eliminar a ex-esposa de seu então marido para retomar o relacionamento e ficar com a filha do casal, que tinha 9 anos na época.
O homem chegou a se casar com Claudia após o divórcio, mas o relacionamento durou apenas dois meses, encerrado quando ele percebeu o comportamento obsessivo e controlador da médica. Antes mesmo do crime, Renata havia alertado familiares e proibido a filha de conviver com o pai enquanto ele estivesse com a neurologista.
Prisões e andamento das investigações
Além de Claudia Soares Alves, a polícia prendeu dois homens — pai e filho, apontados como os executores do homicídio. Eles seriam vizinhos da médica, e um deles é suspeito de ter atirado na farmacêutica.
O caso segue em investigação para apurar se Claudia pode ter cometido outros crimes, incluindo falsificação de documentos e tráfico de pessoas. Segundo o delegado Eduardo Leal, o comportamento da médica indica “um grave desequilíbrio emocional e uma capacidade extrema de manipulação”.

O suspeito foi preso preventivamente nesta quarta-feira (5) e, em interrogatório, disse que matou Danilo e outras três pessoas na cidade em 2025. O município de Iporã fica a 600 km de Curitiba e tem pouco mais de 14 mil habitantes
Folhapress | 08:10 – 07/11/2025
Fonte. .Noticias ao Minuto


