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13 de novembro de 2025

Trilhas nordestinas emergem no cenário de longo percurso – 12/11/2025 – É Logo Ali

Trilhas nordestinas emergem no cenário de longo percurso – 12/11/2025 – É Logo Ali

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O nordeste brasileiro é hoje a região que mais cresce em número de trilhas de longo curso, consolidando-se como um dos principais cenários do segmento no país. Com um total de 49 trechos oficialmente cadastrados, em nove estados, elas somam mais de 1.200 quilômetros de percursos mapeados, conectando biomas da caatinga e do cerrado e oferecendo ampla estrutura de apoio ao visitante.

Quem conta a boa nova à Folha é Hugo de Castro, diretor da Rede Brasileira de Trilhas, que destaca a importância dessa expansão como “vetor de conservação, identidade e desenvolvimento regional”.

A primeira trilha nordestina estruturada a aderir à Rede, segundo Castro, foi o Caminho dos Cânions do Rio São Francisco, por volta de 2018. “Mas era uma iniciatia isolada, em Paulo Afonso, dentro de uma área de conservação do ICMBio”, lembra. Desde então, as comunidades da região identificaram o potencial da criação de percursos dedicados a caminhantes, ciclistas e cavaleiros.

“Hoje, entre as principais trilhas nordestinas, destacam-se, além do próprio Caminho dos Cânions, o Caminho da Ibiapaba e o Caminho das Ararunas, cada um com identidade própria, mas todos unidos pela proposta de integrar natureza, cultura e turismo sustentável”, afirma ele.

O Caminho das Ararunas, na Paraíba, tem 110 quilômetros de extensão e conecta os municípios de Araruna e Cuité, passando pelo Parque Estadual da Pedra da Boca e atravessando sítios arqueológicos, ruinas históricas e formações rochosas únicas. “Ela está totalmente implementada e estruturada para o atendimento ao visitante e é hoje referência em gestão comunitária e sinalização padronizada, servindo de modelo para outras trilhas da região”, define Castro.

O Caminho da Ibiapaba, que une os estados do Piauí e Ceará, conectando os parques nacionais de Sete Cidades e de Ubajara, tem 130 quilômetros de extensão e resgata antigas rotas de tropeiros por uma paisagem de transição da caatinga à mata atlântica.

Já o pioneiro Caminho dos Cânions do Rio São Francisco, segundo Castro, com 60 quilômetros, “desponta como uma das experiências mais emblemáticas do nordeste”. Localizada em Paulo Afonso, na Bahia, a trilha percorre um cenário que vai dos paredões rochosos ao longo do Velho Chico, que chegam a 100 metros de altura, a trechos terrestres e aquáticos, que permitem a integração com as comunidades ribeirinhas.

O fortalecimento dessas iniciativas, diz Castro, é parte da intenção de se criar uma trilha maior do Oiapoque, no Amapá, à Barra do Chuí, no Rio Grande do Sul, cruzando o país de norte a sul por duas opções de percurso —pelo litoral e pelo interior. E para divulgar ao máximo não só as vantagens da implantação desses roteiros, mas a importância de sua demarcação, sinalização e segurança, foram realizados dois eventos este ano na região.

Em setembro, o município de Araruna (PB) sediou o 1º Congresso Paraibano de Trilhas, reunindo gestores públicos, voluntários e especialistas em políticas de regionalização e implementação. E, em outubro, Paulo Afonso recebeu o 1º Seminário Nordestino de Trilhas, com representantes de todos os estados da região. Para o ano que vem, já está previsto um congresso panamericano para reunir, em Foz do Iguaçu. representantes dos países vizinhos que podem num futuro ideal se interligar por meio de suas muitas trilhas.

E, se a rota Oiapoque-Chuí ainda é uma abstração, Castro ressalta a importância de as trilhas se interligarem não por iniciativas oficiais, “mas por meio do caminhante, do ciclista, a gente dando a eles as opções de escolha para fazerem e consolidarem as trilhas de forma contínua”. Algo na linha da famosa frase do poeta Antonio Machado, “caminho se faz ao andar”.


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Fonte.:Folha de S.Paulo

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