4:33 AM
13 de novembro de 2025

Aprender novos idiomas pode manter o cérebro jovem por mais tempo

Aprender novos idiomas pode manter o cérebro jovem por mais tempo

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A manchete não é nova: você já deve ter lido por aí que falar diferentes idiomas rejuvenesce o cérebro. Na realidade, não é exatamente isso que acontece. Há anos, cientistas buscam diferentes maneiras de testar a hipótese de que falar mais de uma língua ajuda a manter o cérebro saudável, evitando a aceleração do declínio cognitivo associado à idade.

Por incluir poucos participantes e usar variáveis inadequadas para medir os impactos de falar mais de um idioma, muitas pesquisas até hoje apresentaram resultados pouco específicos.

Agora, um novo estudo publicado na revista científica Nature Aging coloca o multilinguismo – o uso regular de mais de um idioma – ao lado das atividades físicas, da educação e da sociabilidade como um fator que influencia a qualidade do envelhecimento.

Os cientistas demonstraram que pessoas saudáveis que falam um único idioma tem o dobro de chance de apresentar envelhecimento acelerado. Do outro lado, pessoas que falam ao menos duas línguas tem duas vezes menos chances de ter essa aceleração no envelhecimento.

Isso significa que, no futuro, o aprendizado de novas línguas pode se tornar política de saúde pública, como forma de prevenir doenças associadas à idade e promover o envelhecimento saudável, com base nos novos caminhos indicados pela ciência.

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Como falar mais de um idioma pode proteger o cérebro?

O envelhecimento do cérebro está ligado a mudanças na estrutura e na funcionalidade do cérebro. Falar mais de uma língua exercita habilidades associadas à memória, à atenção e à regulação emocional. Esse exercício mental fortalece as redes cerebrais que costumam enfraquecer com a idade.

O uso dinâmico de mais de uma língua em um contexto cotidiano ainda traz benefícios socioemocionais que também contribuem para a saúde do cérebro.

A pesquisa inclusive aponta benefícios cumulativos: estão mais protegidos aqueles que falam duas ou mais línguas além da materna. Os benefícios de ser bilíngue acabam se perdendo com o envelhecimento. Entretanto, pessoas que falam três ou mais idiomas seguem tendo um risco de declínio cognitivo reduzido mesmo conforme envelhecem.

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Entenda o indicador usado pelos cientistas

Os pesquisadores responsáveis pelo estudo usaram uma abordagem da computação para criar um indicador que medisse a diferença entre a idade cronológica, contada a partir do nascimento, e a idade prevista, que leva em conta fatores biológicos e fisiológicos (como a saúde cardiometabólica), bem como questões de estilo de vida (como os níveis educacionais e socioeconômicos).

O instrumento foi chamado de biobehavioral age gap – ou lacuna biocomportamental de idade, em tradução livre. Esse indicador permite quantificar o envelhecimento acelerado ou atrasado: o multilinguismo, por exemplo, é um fator associado a pessoas com envelhecimento atrasado.

Essa lacuna foi quantificada para cada uma das mais de 86 mil pessoas incluídas na pesquisa. Os achados permaneceram válidos ao considerar na conta fatores sociais, físicos, linguísticos e sociopolíticos. O modelo de lacuna biocomportamental de idade funciona em escala, e é um diferencial porque pode ser aplicado a outras pesquisas futuras.

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As análises também levaram em conta fatores que podem contrabalancear os benefícios do multilinguismo. Um exemplo é a migração: embora se mudar para um novo país leve as pessoas a aprender novos idiomas, os benefícios desse multilinguismo são, em geral, anulados devido ao estresse psicossocial, o risco de aumento de consumo de álcool e os prejuízos ao sono associados à migração.

A pesquisa supera problemas comuns em estudos do tipo, como as amostras reduzidas e os indicadores pouco específicos, mas ainda é preciso estudar mais o assunto.

A pesquisa da Nature Aging considerou dados da população de 27 países europeus. Análises futuras deverão considerar a população de outros continentes e avaliar métricas específicas do idioma (como a idade de aquisição e a proficiência).

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Fonte.:Saúde Abril

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