Vice-prefeito de Hortolândia, no interior de São Paulo, Carlos Augusto César (PSB), o Cafu, foi preso nesta quarta-feira (12) em operação da PF (Polícia Federal) contra fraudes em licitações destinadas à compra de materiais didáticos. A defesa dele disse que não vai se manifestar sobre o caso e que ainda analisa o processo.
A prisão de Cafu ocorreu pela manhã. Ele foi um dos alvos da operação Coffee Break, deflagrada pela PF com apoio da CGU (Controladoria-Geral da União). Além de Hortolândia, a investigação mira também o município de Sumaré (SP).
Diligências, porém, foram realizadas em outros municípios em São Paulo e Paraná e no Distrito Federal.
Seis mandados de prisão foram expedidos contra os investigados. A operação cumpriu outros 50 mandados de busca e apreensão, um dos quais contra Carla Ariane Trindade, ex-nora do presidente Lula. Ela foi casada com Marcos Cláudio Lula da Silva, filho do mandatário.
Carla é suspeita de atuar para a liberação de recursos do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), órgão vinculado ao MEC (Ministério da Educação), para a empresa Life Educacional, principal investigada no caso.
A reportagem procurou por telefone, mensagens e email a empresa, mas não obteve retorno.
A defesa de Carla, por sua vez, disse que “solicitou acesso aos autos e somente irá se manifestar após o conhecimento integral da investigação”.
A PF diz que a Life se beneficiou com contratos milionários nos municípios de Hortolândia e Sumaré e custeava viagens da ex-nora do presidente a Brasília em busca da liberação de novos recursos.
Só no município de Sumaré (SP), a PF levantou que entre 2021 e 2023 (parte sob governo Jair Bolsonaro e parte sob Lula) foram repassados à empresa cerca de R$ 52 milhões. De Hortolândia, enquanto isso, os valores recebidos pela Life somam R$ 21 milhões no mesmo período.
O capital social da empresa, até 2022 em R$ 300 mil, saltou no mesmo ano para R$ 20 milhões e depois a R$ 24 milhões em 2023. No ano passado, chegou a R$ 34 milhões.
A Folha apurou que a maior parte dos contratos sob suspeita da PF envolve compra de livros paradidáticos editados pela empresa e sistemas de informática na educação da rede pública.
A Life só passou a exercer essas atividades em 2022, quando alterou o objeto social da empresa na Jucesp (Junta Comercial do Estado) para incluir o ramo de edição e venda de livros no atacado e o desenvolvimento de programas e demais sistemas eletrônicos.
Em um dos alvos de busca e apreensão em São Paulo, a PF apreendeu R$ 2,1 milhões em dinheiro.
“As investigações apontaram indícios de crimes contra a administração pública, incluindo fraude em licitação, corrupção ativa e passiva, além de superfaturamento e tráfico de influência”, informou nota divulgada pela controladoria.
Fonte.:Folha de S.Paulo


