6:14 PM
15 de novembro de 2025

PM acusado de matar lutador Leando Lo é solto após absolvição e defesa fala em reconstruir imagem

PM acusado de matar lutador Leando Lo é solto após absolvição e defesa fala em reconstruir imagem

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FRANCISCO LIMA NETO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O tenente da Polícia Militar Henrique Otávio Oliveira Velozo, acusado de matar o lutador Leandro Lo, em 2022, foi solto do presídio militar Romão Gomes, na madrugada desta sábado (15), após absolvição.

O advogado Claudio Dalledone, que o representa, afirma que o próximo passo é recuperar a imagem do policial e solicitar seu retorno ao trabalho.

O Tribunal do Júri o absolveu por maioria de votos, nesta sexta-feira (14). O júri teve início na quarta-feira (12), no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste.

O alvará de soltura do policial, que estava preso de forma preventiva (sem prazo), foi expedido na sexta, de acordo com o Tribunal de Justiça de São Paulo.

“Agora o próximo passo é reconstruir a imagem dele que foi indevidamente manchada. Nós vamos fazer um gerenciamento de crise de imagem. Ele vai se manifestar na imprensa, ele vai falar, ele tem que falar, ele tem que dizer por A mais B o que aconteceu. Ele tem que falar para o povo que o condenou numa opinião publicada, que é diferente de opinião pública, como as coisas se deram naquela noite”, diz Dalledone.

A defesa deve organizar uma entrevista de Velozo com a imprensa ainda no começo da próxima semana.

Dalledone criticou a expulsão de Velozo da PM. A defesa conseguiu liminar suspendendo a decisão.

“Agora, essa absolvição reforça os argumentos para que o processo continue. O governador Tarcísio, antecipadamente, para fazer política, ele meteu a caneta e o expulsou, não deixou [o processo administrativo] tramitar regularmente em todas as instâncias. Então, nós conseguimos uma liminar para que aquela decisão fosse cassada”, explica.

O governo do estado foi procurado, mas não houve resposta até a publicação deste texto.

O próximo passo, de acordo com o advogado, é pedir a volta do tenente ao trabalho.

“Agora, com a absolvição dele, nós reforçamos os nossos argumentos e nós vamos pedir a reintegração para que ele volte a trabalhar”, afirma.

Dalledone diz que vai aguardar o recurso do Ministério Público contra a absolvição.

“Vamos aguardar o recurso. Tinham oito advogados de acusação e três promotores designados para esse caso. Nem no Carandiru existiu isso. Tinham dois promotores no Carandiru. Existia um denodo todo especial voltado para a condenação de Henrique Velozo. Eles só não tinham a prova de uma legítima defesa”, avalia.
O advogado afirma que a equipe está pronta para responder ao recurso e para defender a manutenção do resultado do julgamento, que definiu como “marcante”.

“Muito pouco provável que esse júri venha a ser anulado. Não tem nenhuma nulidade nele”, diz.

À Folha de S.Paulo o advogado Adriano Vanni, que defende a família de Lo, afirmou que a decisão da Justiça é soberana, mas cabe recurso e eles devem recorrer.

“Vamos trabalhar até o fim”, afirma Vanni. “Eu não consigo entender legítima defesa, mas o jurado entendeu que foi legítima defesa, mesmo ele tendo dado um tiro na cabeça de um cara desarmado, dentro de uma festa, ter fugido, os jurados entenderam que houve legítima defesa e a gente tem que respeitar decisão judicial”, afirma.

Sete jurados, sendo cinco mulheres e dois homens, fizeram parte do chamado conselho de sentença. A sentença foi dada pela juíza Fernanda Jacomini, da 1ª Vara do Júri.

Em maio, o júri foi suspenso pela Justiça. A medida atendeu a um pedido da defesa de Velozo. Seus defensores protocolaram ação contra o magistrado responsável pela 1ª Vara do Tribunal do Júri, o que foi aceito pelo desembargador Marco Antônio Cogan.

Segundo os advogados, “o juiz determinou, de forma unilateral, às vésperas da sessão, a exclusão dos assistentes técnicos da defesa, que estavam previamente autorizados a participar do julgamento”. Um deles seria um perito contratado pelos defensores. Eles viram um possível desequilíbrio na condução dos trabalhos.

O júri foi remarcado para agosto. Porém, na nova data, foi dissolvido poucas horas após o início, por causa de desentendimento entre acusação e defesa. Então, o julgamento foi marcado para começar nesta semana.

O CASO
Lo tinha 33 anos quando foi assassinado, na madrugada do dia 7 de agosto de 2022. Ele estava em um show do grupo de pagode Pixote, no Esporte Clube Sírio, no bairro Planalto Paulista, quando foi baleado na cabeça pelo tenente Velozo.

A investigação aponta que o policial deixou o local e se dirigiu para um prostíbulo. Depois, acompanhado, foi para um motel na marginal Pinheiros. Ele se entregou à Corregedoria da PM na mesma noite.

Ivã Siqueira Junior, advogado da família do lutador, disse na época do crime que, segundo testemunhas, o desentendimento teve início depois de um homem entrar na roda de amigos de Lo, pegar uma garrafa de bebida e começar a chacoalhá-la. Ao mesmo tempo, o homem estaria encarando o lutador, como forma de provocação.
Lo teria, então, derrubado o homem e o imobilizado. Outras pessoas se aproximaram e separaram a briga, sem ter havido agressões, de acordo com relatos de testemunhas aos quais o advogado da família afirma ter tido acesso.

O homem teria, então, sacado uma arma e, de frente para a vítima, disparado uma única vez na cabeça do lutador, que foi atingido na testa. O atirador teria ainda chutado duas vezes a cabeça de Lo, enquanto este estava caído no chão, segundo colegas do campeão mundial.



Fonte. .Noticias ao Minuto

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