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17 de novembro de 2025

Japão mobiliza aviação ao ver drone chinês cerca de Taiwan – 17/11/2025 – Mundo

Japão mobiliza aviação ao ver drone chinês cerca de Taiwan – 17/11/2025 – Mundo

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O Japão anunciou nesta segunda-feira (17) que mobilizou sua aviação após detectar um suposto drone chinês entre Taiwan e a ilha japonesa mais próxima, em meio ao aumento das tensões provocado pelas declarações da primeira-ministra japonesa sobre o território.

“No sábado, 15 de novembro, foi confirmado que uma aeronave não tripulada, supostamente de origem chinesa, sobrevoou a área entre a ilha de Yonaguni e Taiwan. Em resposta, a aviação de combate (…) da Força Aérea de Autodefesa do Japão foi mobilizada”, escreveu o Ministério da Defesa no X.

O chefe de gabinete japonês, Minoru Kihara, disse a jornalistas que, no domingo (16), navios da Guarda Costeira chinesa passaram horas em águas territoriais japonesas ao redor das ilhas conhecidas como Senkaku no Japão e Diaoyu na China —um arquipélago no Mar da China Oriental controlado por Tóquio, mas reivindicado por Pequim.

A Guarda Costeira japonesa afirmou ter afastado as embarcações.

Antes de chegar ao poder, em outubro, Sanae Takaichi era uma forte crítica da China e do fortalecimento militar de Pequim na região da Ásia-Pacífico. A tensão diplomática entre os países cresceu quando, pouco depois de assumir o cargo de primeira-ministra, ela afirmou que um ataque chinês a Taiwan que ameaçasse a sobrevivência do Japão poderia desencadear uma resposta militar de Tóquio.

Pequim reivindica o território de Taiwan —formalmente chamado de República da China, com um presidente eleito democraticamente— como parte do seu território e não descarta utilizar a força em caso de reunificação.

Em resposta a uma pergunta feita em 7 de novembro no Parlamento sobre em que situações poderia acionar o uso das Forças de Autodefesa, Takaichi afirmou que uma tentativa chinesa de submeter Taiwan pela força seria um exemplo. Isso porque um ataque a navios de guerra dos Estados Unidos envolvidos na quebra de um bloqueio chinês à ilha poderia obrigar o Japão a intervir para defender o aliado.

Tóquio, como a maior parte dos países, não mantém relações diplomáticas oficiais com Taipé, mas oferece apoio político e estratégico nos bastidores, assim como Washington. O arquipélago japonês está a cerca de 110 km do território taiwanês e abriga a maior concentração de tropas americanas fora dos EUA. Por isso, uma incursão chinesa poderia representar um risco direto à segurança do Japão, argumento repetido por Takaichi.

As declarações ocorreram dias após a primeira-ministra se reunir com o líder do regime chinês, Xi Jinping, durante a cúpula da Apec em Gyeongju, na Coreia do Sul.

No dia seguinte, um post —rapidamente apagado— do cônsul-geral da China em Osaka, Xue Jian, afirmava que “o pescoço sujo que se intromete deve ser cortado”. Em resposta, Tóquio convocou o embaixador chinês para protestar contra a declaração “extremamente inadequada”, e vários políticos japoneses defenderam que Xue fosse expulso do país.

Já o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, acusou Takaichi de “grave interferência nos assuntos internos chineses” e de violar o princípio de uma só China.

A ruptura se aprofundou na quinta-feira (13), quando a China convocou o embaixador japonês —pela primeira vez em mais de dois anos— para apresentar um “protesto enérgico” sobre as falas de Takaichi. Pequim aconselhou ainda seus cidadãos a não viajar ao Japão.

Se a disputa se prolongar, a queda no número de visitantes chineses —semelhante à redução de cerca de 25% observada durante a crise das ilhas em 2012— poderá ter impacto econômico significativo no Japão, disse Takahide Kiuchi, economista-executivo do Nomura Research Institute. “Uma queda dessa magnitude teria um efeito de desaceleração equivalente a mais da metade do crescimento anual do Japão”, afirmou.

No dia seguinte, a China afirmou que o Japão sofreria uma derrota militar arrasadora se interviesse em Taiwan e expressou “sérias preocupações” quanto à orientação da política de segurança japonesa. Entre elas, a ambiguidade em torno dos três princípios não nucleares japoneses —não desenvolver, não possuir e não hospedar armas atômicas.

Em agosto, uma investigação da Reuters revelou crescente disposição dentro do Japão para flexibilizar esses compromissos, tradicionalmente vistos como tabu no único país do mundo atingido por bombas nucleares.



Fonte.:Folha de S.Paulo

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