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19 de novembro de 2025

Casos de pneumonia crescem 155% em três anos em São Paulo – 19/11/2025 – Equilíbrio e Saúde

Casos de pneumonia crescem 155% em três anos em São Paulo – 19/11/2025 – Equilíbrio e Saúde

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Internações por pneumonia crescem anualmente desde o fim da pandemia no estado de São Paulo. É o que mostram dados fornecidos pela Secretaria de Estado de Saúde à Folha.

Os dados contabilizam casos de janeiro de 2022 a agosto de 2025 em toda rede SUS do estado. Eles mostram que os procedimentos clínicos nas unidades de baixa complexidade quase triplicaram durante o período, enquanto as internações cresceram 20%.

Três especialistas consultados pela reportagem confirmam o avanço da doença, e dizem que ele ocorre em nível nacional. Eles apontam ainda para um crescimento de casos graves da doença e do avanço da pneumonia silenciosa, um tipo que oferece menos sintomas nos dias iniciais, o que pode agravar as complicações.

Os dados sobre internações mostram que, em 2022, 104.125 procedimentos foram realizados. No ano passado, o número avançou para 125.515 —trata-se do último ano com registros completos dos 12 meses. O aumento percentual é de 20.54%.Veja na tabela abaixo.

Em 2025, 79.549 pessoas foram internadas até o fim de agosto, aumento também na casa dos 20% comparado com igual período de 2024.

A tabela de atendimentos da doença é ainda mais alarmante. Em 2022, o estado atendeu 52.010 casos de pneumonia. Em 2024, 132.896, elevação de 155%. Esse número deve ser superado em 2025: até agosto, os atendimentos somaram 122.808.

Há múltiplas causas para esse aumento expressivo, avaliam especialistas. Fatores comportamentais e de saúde pública, como o uso de cigarros eletrônicos e a redução dos índices de vacinação são alguns exemplos.

“Superada a pandemia, demos uma relaxada com os cuidados sanitários, como a higiene e o uso de máscaras. Há também estudos que sugerem que nossa imunidade está mais baixa desde então, possibilitando um adoecimento maior”, explica Bernardo Mulinari Pessoa, mestre em saúde pública pela Johns Hopkins University e coordenador de cirurgia torácica do Hospital Santa Cruz, em Curitiba.

Segundo o médico, há também outras cepas da pneumonia resultando em casos mais graves do que a doença comum –geralmente causada pela bactéria Streptococcus pneumoniae. As principais são a Mycoplasma pneumoniae e a Micobactéria não tuberculosa, afirma Pessoa.

“Cepas que não manifestam os sintomas da pneumonia típica, como febre, tosse e dor no peito, são tratadas como gripe. As pessoas se automedicam e descartam a ida à unidade de saúde, o que agrava a doença”, diz Pessoa.

Pneumologista do Hospital São Francisco, em Mogi Guaçu (interior de São Paulo), Cláudio Miranda aponta para a redução dos índices de vacinação contra múltiplas doenças como contribuinte para o aumento expressivo de pneumonia. “O Brasil enfrenta dificuldades para atingir metas de imunização em todas as vacinas, inclusive de pneumonia. Até mesmo contra a influenza. Uma gripe mal cuidada se transforma em uma infecção pulmonar”, afirma.

“A baixa cobertura vacinal contra a influenza explica não só o aumento mas também a maior gravidade dos casos”, diz o pneumologista João Carlos de Jesus, Coordenador do ambulatório de asma grave do Hospital Vera Cruz. “As infecções virais são uma porta de entrada para as bacterianas, já que o organismo fica fragilizado e o dano da bactéria se potencializa.”

Segundo ele, há novos fatores que devem entrar no cálculo. “O cigarro eletrônico vem para jogar contra. Existe uma pneumonia específica, uma lesão aguda do pulmão, que é causada não pela infecção, mas pelo dano que o próprio cigarro causa ao pulmão. Em 2019, os Estados Unidos viveram um surto desse tipo de pneumonia que resultou em 3.000 casos e 70 mortes, que foram associadas a um tipo específico de dispositivo com vitamina d”, diz.

O especialista explica que, como não há regulamentação desses dispositivos no Brasil, não se sabe o que há na composição nem em quais quantidades.

PREVENÇÃO

Os médicos afirmam que a melhor forma de se prevenir é, indiscutivelmente, a vacinação, tanto pelos imunizantes destinados à pneumonia quanto contra influenza e covid. “Os adultos podem inclusive tomar vacina pneumocócica conjugada, que protege contra 20 tipos da bactéria Streptococcus pneumoniae. Embora ela não esteja disponível no SUS, vale à pena pagar para tomá-la”, diz João Carlos.

Outras recomendações incluem:

  • Usar máscara próximo de pessoas com sintomas da doença
  • Reforçar a hidratação
  • Consumir alimentos ricos em fibras
  • Evitar contato com cigarro, direta ou indiretamente
  • Manter uma rotina adequada de sono



Fonte.:Folha de S.Paulo

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