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21 de novembro de 2025

Piccoli Cucina: restaurante vegano com alma italiana em SP – 20/11/2025 – Restaurantes

Piccoli Cucina: restaurante vegano com alma italiana em SP – 20/11/2025 – Restaurantes

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Há quem entre no Piccoli Cucina achando que está numa casa de cozinha italiana convencional. Tanto pelo nome quanto pelos pratos. No cardápio, há entradas como supli de ragu com linguiça (R$ 22) e principais como polpetta com fettucine (R$ 98). Apesar de descritos assim no cardápio, estamos falando de um restaurante vegano.

Mas não espere uma casa com receitas leves ou cheias de vegetais. A aposta da jovem chef Kamili Piccoli neste endereço vegano-italiano é em pratos consagrados que, mesmo com adaptações para descartar a presença de ingredientes de origem animal, não abram mão da sustança. Para isso, aposta na produção artesanal própria de praticamente tudo. Das massas frescas e queijos de castanha aos sorvetes.

Em um meio de semana, a crítica provou o menu-executivo, com entrada, prato e sobremesa a R$ 78. Para começar, havia a opção de escolher entre uma salada de grão-de-bico com coalhada fresca e um pout-pourri de petiscos. Fiquei com a segunda sugestão para conseguir provar mais de um preparo na mesma entrada. Ela veio com três frituras: uma coxinha, um arancino e uma crochetta di mare.

O arancino (aquele bolinho de risoto empanado e frito) estava especialmente saboroso. Com um toque de funghi que despertava o umami na boca e um recheio cremoso de queijo de castanha. Deu vontade de pedir uma porção só de arancini.

A coxinha também estava gostosa. No lugar da carne, a casa usa um mix de proteínas de sabor neutro que recebe bem os temperos. Desfiado, imita a textura do frango. Já a crochetta di mare não consegue chegar a um gosto satisfatório de peixe, ao que parece se propor. O que sobressai é o sabor da alga nori.

De principal, das duas opções do executivo, optei pelo rondelli de presunto e queijo vegetal para matar a curiosidade de como a chef reproduziria a carne. A massa estava macia e coberta por um gostoso molho de tomate. Mas o prato é pesado, e aposta num defumado tão marcado na tentativa de se aproximar do embutido que acaba enjoativo.

A sobremesa foi de sorvete de pistache com crumble, raspas de laranja e coulis de framboesa. O sorvete é bem denso e pouco doce. Provavelmente feito a partir de uma base de castanha-de-caju que libera a gordura necessária para o preparo no lugar dos derivados de leite. O coulis, azedinho na medida, rende um contraponto de frescor.

Na lateral do restaurante e aberta para a calçada, uma vitrine exibe doces veganos que você pode pedir tanto para consumir ali quanto para levar. Comprei um dos belos pedaços de cheesecake (R$ 46). Uma calda de frutas vermelhas cobre a porção avantajada do creme, de sabor suave e textura encorpada. A base poderia ser mais fina, para dar mais delicadeza.

A refeição revelou um interessante passeio pela culinária italiana sob uma perspectiva vegana. Por outro lado, confirmou a impressão de que ela teria muito a ganhar caso optasse por se libertar da busca por sabores que não estão no seu escopo —sendo o da carne o mais emblemático deles.

Quando se lê presunto no menu, por exemplo, entende-se que de alguma forma seu gosto e textura estarão presentes. Mas não estarão. Pelo menos a partir da visão de uma não vegana, desprender-se de vez da nomenclatura e dar aos pratos descrições reais deixaria a experiência livre de comparações —mais e fluida.



Fonte.:Folha de São Paulo

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