
Tatiana Schlossberg, jornalista e neta do ex-presidente norte-americano John F. Kennedy, anunciou que foi diagnosticada com câncer terminal. Em artigo que escreveu para a revista The New Yorker, publicada esta semana, contou que, aos 35 anos de idade, seus médicos deram a ela menos de um ano de vida.
A jovem foi diagnosticada com leucemia mieloide aguda logo após o nascimento da sua segunda filha, em 2024. “Uma contagem normal de glóbulos brancos varia de quatro a onze mil células por microlitro. A minha estava em cento e trinta e uma mil”, relatou. A condição estava associada a uma mutação rara chamada Inversão 3, mais comum em pacientes idosos.
Segundo Tatiana, diversos médicos perguntaram se ela havia passado muito tempo no Marco Zero do ataque de 11 de setembro, em razão da alta incidência de cânceres hematológicos entre socorristas que atuaram no local. E ela conta que só passou pelo local anos depois.
No ensaio, a jornalista também descreve o desgastante percurso de tratamento, que incluiu múltiplas sessões de quimioterapia, dois transplantes de medula óssea, participação em dois ensaios clínicos e terapia com células CAR-T.
“Durante o último ensaio clínico, meu médico me disse que poderia me manter viva por um ano, talvez“, escreveu.
Mãe de dois filhos e especialista em mudanças climáticas e meio ambiente, Tatiana é crítica das posições de seu primo, Robert F. Kennedy Jr., atual secretário da Saúde dos Estados Unidos no governo Donald Trump. No texto, ela descreve a angústia de acompanhar sua nomeação enquanto enfrentava o próprio adoecimento.
“De repente, o sistema de saúde do qual eu dependia pareceu sobrecarregado e instável. Médicos e cientistas da Columbia, incluindo George [seu marido], não sabiam se conseguiriam continuar suas pesquisas ou mesmo manter seus empregos”, relatou.
Ela, por outro lado, descreveu o estilo de vida saudável que mantinha até então. A jornalista corria, esquiava e até participava de maratonas. Mas, então, o que justifica o adoecimento tão jovem?
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Câncer entre jovens cresce
O número de adultos surpreendidos por um tumor antes de chegar à meia-idade cresceu significativamente em três décadas. Segundo um estudo internacional publicado pelo periódico The British Medical Journal, entre 1990 e 2019, a ocorrência do problema em pessoas com menos de 50 anos saltou 79%.
De acordo com uma revisão publicada na revista científica Nature Reviews Clinical Oncology, o chamado câncer de início precoce já pode ser considerado uma epidemia global emergente. A incidência cresce gradualmente, ano a ano, e, quando se avaliam longos períodos, observa-se o acréscimo expressivo no número de pacientes oncológicos mais novos.
Fatores ligado ao estilo de vida, como o aumento no consumo de ultraprocessados, da exposição à poluição e dos casos de obesidade podem ter relação com essa alta. No caso da leucemia mieloide aguda da neta de Kennedy, porém, há poucos fatores de risco conhecidos. Entre eles: envelhecimento, gênero (nos homens ela é mais comum), tabagismo, doenças do sangue e exposição a alguns produtos químicos.
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Fonte.:Saúde Abril


