O regime do Talibã no Afeganistão afirmou nesta terça-feira (25) que 9 crianças e 1 mulher foram mortas em ataques aéreos do Paquistão e prometeu responder, aumentando as tensões entre os países vizinhos.
O bombardeio noturno relatado por Cabul seguiu-se a uma série de ataques no Paquistão que Islamabad atribui a terroristas baseados no Afeganistão. O Paquistão não respondeu a pedidos de comentário da agência Reuters.
Um cessar-fogo estava em vigor nas últimas semanas após graves confrontos na fronteira em outubro, mas não havia acordo entre as partes em negociações de paz.
O porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, disse que Islamabad atacou três províncias que fazem fronteira com o Paquistão, chamando isso de “violação da soberania do Afeganistão e uma clara violação de todas as normas internacionalmente aceitas pelas autoridades paquistanesas”.
“Defender nosso espaço aéreo, território e povo é nosso direito legítimo”, disse Mujahid em um comunicado. “No momento apropriado, uma resposta necessária será dada.”
Islamabad afirma que terroristas baseados no Afeganistão realizam ataques no Paquistão e que Cabul não respondeu aos repetidos apelos para tomar medidas contra eles. O Talibã nega que seu solo seja usado por terroristas de origem paquistanesa.
Lá Fora
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Na segunda-feira, atentados suicidas mataram três membros das forças paramilitares em Peshawar, no Paquistão. Autoridades de segurança dizem que enfrentaram os agressores e evitaram mais mortes.
No início do mês em Islamabad, um homem-bomba matou 12 pessoas, a primeira vez que civis foram alvo na capital paquistanesa em uma década. Um dia antes, outro homem-bomba colidiu um veículo carregado de explosivos contra o portão principal de uma escola militar no distrito de Waziristão do Sul, perto da fronteira afegã, matando três pessoas. Islamabad diz que rastreou os três ataques e concluiu que tinham conexão com o Afeganistão.
Os confrontos do mês passado entre militares paquistaneses e e o Talibã mataram dezenas de pessoas. Foi o pior episódio de violência na relação entre os países desde que o Talibã retornou ao poder no Afeganistão, em 2021, após a saída das tropas dos Estados Unidos.
As partes assinaram um cessar-fogo em Doha, em outubro, mas as negociações terminaram sem um acordo de longo prazo depois que Cabul não forneceu um compromisso por escrito para tomar medidas contra terroristas procurados por Islamabad que se abrigam no Afeganistão. O Talibã afegão diz que não pode haver a expectativa de que o grupo fundamentalista garanta a segurança no Paquistão.
Fonte.:Folha de S.Paulo


