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28 de novembro de 2025

Foi um dos pioneiros do jornalismo online no Brasil – 26/11/2025 – Cotidiano

Foi um dos pioneiros do jornalismo online no Brasil – 26/11/2025 – Cotidiano

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Jornalista com presença marcante nos principais veículos do país, Marco Chiaretti sempre se irritava quando pronunciavam seu sobrenome como se fosse escrito com “x”. O certo era dizer “Quiaretti”, e não “Xiaretti”, no que seria um óbvio desrespeito às regras da língua italiana.

Sua atenção extrema para detalhes incorretos, assim como a capacidade de se irritar dezenas de vezes por dia, eram conhecidas por todos os profissionais com quem trabalhou, na Folha, no UOL, no Estado, no Jornal do Brasil, na revista Superinteressante ou no Observatório da Imprensa.

Detalhista e explosivo, analítico e apaixonado, Marco Chiaretti parecia viver em constante tempestade mental. Podia ser consultado sobre qualquer assunto, das estratégias militares na Guerra da Secessão americana ao funcionamento de um acelerador de partículas, da poesia expressionista alemã à filosofia política de Kant.

Não que ele fosse simplesmente um “sabe-tudo”. A quantidade de informações que possuía, e sua memória fenomenal para datas, estavam a serviço de um incomparável poder de julgamento. Sabia pesar os aspectos éticos de cada questão, identificar a racionalidade ou a loucura dos agentes envolvidos e ver tudo o que há de humano ou de desumano no homem.

Com tanto conhecimento da complexidade de cada assunto, era ao mesmo tempo o oposto de um observador cético e indiferente. Os fatos históricos e as notícias do dia o atingiam como vitórias ou ofensas pessoais. Sua vida pessoal, em contrapartida, ele a entendia quase como um processo épico, feita de conquistas brilhantes (como as que, no campo amoroso, o fizeram invejado pelos amigos de juventude) e de embates de cujo desfecho, tantas vezes injusto, ele era o primeiro a se recriminar.

Era uma dessas raras pessoas com igual talento para as exatas e as humanas. Depois de ter cursado um ano de física na USP, transferiu-se para a filosofia em 1977. Foi professor na Unesp de 1984 a 1987, de onde saiu para trabalhar na Folha nos oito anos seguintes. No jornal, dirigiu os suplementos de cultura Folhetim e Letras e foi editor de Ciência da Folha, além de correspondente em Buenos Aires.

Marco Chiaretti sofreu um AVC em janeiro de 2023, do qual nunca se recuperou. Morreu neste dia 26, das consequências de uma pneumonia, aos 67 anos. Deixa os filhos Piero, Lorenzo e Anita, os irmãos Daniela e Flavio, e a companheira Luiza Andrada e Silva.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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Fonte.:Folha de S.Paulo

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