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27 de novembro de 2025

Ecoansiedade: como a Bíblia ajuda após debates da COP30 – 27/11/2025 – Cotidiano

Ecoansiedade: como a Bíblia ajuda após debates da COP30 – 27/11/2025 – Cotidiano

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Como as decisões tomadas na COP30 interferiram no seu grau de ecoansiedade? O que foi discutido em Belém deixou você com mais ou menos medo, tristeza e angústia em relação às mudanças climáticas, cada vez mais presentes em nossas rotinas? E como o cristianismo pode ajudar a enfrentar essa ansiedade, também chamada de ansiedade climática?

Pesquisa do Instituto Cactus, realizada com 10 mil pessoas, mostrou que 74,3% já vivenciaram consequências diretas de enchentes, queimadas e ondas de calor. Entre os entrevistados, 42% afirmaram sentir impacto das mudanças climáticas na saúde mental. Não é um temor vago: 54% pensam diariamente ou semanalmente nos efeitos do clima extremo; 58% relatam nervosismo ou inquietação; 51% sentem medo; e 44% se dizem excessivamente preocupados com o futuro.

A espiritualidade é uma aliada contra medo e angústia. Por isso, apresentamos algumas palavras bíblicas que podem acalmar corações ansiosos.

Uma parte desse sentimento nasce do estranhamento em relação à natureza. Na cosmovisão judaico-cristã, somos natureza —feitos da terra e do sopro divino (Gênesis 2.7). Tomar consciência desse “parentesco” convida à aproximação e à escuta.

O distanciamento atual afeta a compreensão da origem e da essência do mundo natural. Na visão materialista, ele foi separado de sua fonte espiritual, o Coração de Deus. Apenas como “natureza”, fica órfão. Chamando-o novamente de “Criação”, recupera origem e destino: criada pelo Pai, considerada “boa”.

A Criação se comunica —algo que a ciência redescobre em animais e plantas. Os céus, a terra e seus seres louvam a Deus. Ela também “geme” sob o domínio humano, muitas vezes entendido como exploração. Aguarda que os filhos de Deus —os que veem a realidade a partir do coração do Pai— cuidem dela. Quando resgatam essa visão, deixam de tratá-la como objeto e passam a reconhecê-la como criatura de Deus (Romanos 8.22).

Assim, ao reconectar natureza e Deus, o estranhamento diminui. Seus fenômenos passam a ser lidos como mensagens de alegria, louvor ou sofrimento —algo próximo às cosmologias dos povos originários.

As narrativas dos Evangelhos estão repletas de fenômenos naturais. Em momentos de ansiedade, Jesus recomenda sair ao campo para observar flores e aves (Mateus 6.25–34).

Kierkegaard, em seus “Conselhos para os Preocupados“, lê esse texto como convite ao aprendizado com o “Professor lírio”. As flores, que não recebem cuidados humanos e são mais belas que Salomão, ensinam fé. As aves convidam a levantar a cabeça, em posição de prece.

Não é um discurso negacionista, mas um chamado para incluir a dimensão espiritual no trato da ansiedade —tanto a cotidiana quanto a provocada por guerras e eventos extremos. Nessas situações, a recomendação permanece: “Não tenham medo” (Lucas 21.9). E mais: “Levantem-se e ergam a cabeça, porque estará próxima a libertação de vocês.” (Lucas 21.28)

Freud fala da “ansiedade sinal”, que prepara para crises como um alerta preventivo. Jesus parece instruir seus discípulos a não sucumbirem ao pânico, mas a colocarem o coração para além do visível: a vinda do Reino de Deus.

Sabemos do uso alienante desses textos, mas não precisamos deixá-los nas mãos dos alarmistas. Podemos encontrar neles esperança para nossa ecoansiedade. Pés e mãos no chão, cuidando da Boa Criação; olhos para o alto, esperando o Novo Céu e a Nova Terra, onde nem a Criação nem os humanos terão motivos para ansiedade.



Fonte.:Folha de S.Paulo

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