A ashwagandha é uma erva com propriedades medicinais que ganhou muita fama nas redes sociais em anos recentes por seu potencial no alívio de quadros de estresse e ansiedade.

Mas, junto com a popularidade on-line, vieram também as dúvidas sobre a qualidade e procedência da planta que era encontrada no Brasil. Se usada de forma desregrada, ela também pode ter efeitos tóxicos no fígado.

No final de 2022, citando diversas irregularidades no mercado brasileiro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a comercialização e propaganda de produtos industrializados contendo a ashwagandha.

Entenda melhor os usos tradicionais dessa planta e qual a situação regulatória no país.

Quais os benefícios da ashwagandha?

A ashwagandha, nome que vem do seu uso consagrado na medicina tradicional do subcontinente indiano (traduzida literalmente, a palavra significa algo como “cheiro de cavalo”, em referência ao seu aroma característico), pertence à espécie Withania somnifera. É uma das chamadas ervas adaptogênicas, associadas a benefícios em relação ao estresse mental e físico.

Diferentes estudos ao redor do mundo têm tentado demonstrar esse potencial. Em 2024, uma meta-análise feita por pesquisadores indianos concluiu que trabalhos da área observaram efeitos benéficos no estresse e na ansiedade, mas com um alerta: há registro de efeitos adversos (ainda que leves e moderados), e faltam informações suficientes sobre a segurança do uso a longo prazo.

Em 2021, outra meta-análise, realizada na Colômbia, avaliou estudos que tentaram determinar os benefícios da ashwagandha para a performance física.

Com base em 12 trabalhos, os pesquisadores concluíram que as pesquisas existentes demonstram um potencial de ajudar na comparação com um placebo, mas também destacaram: é preciso avançar mais antes de atestar a segurança e eficácia real da suplementação com produtos à base de ashwagandha.

Por que a ashwagandha exige cuidado?

O primeiro ponto a observar é o mesmo que os pesquisadores citados acima destacaram: faltam pesquisas mais robustas capazes de atestar de forma conclusiva que o uso da ashwagandha traz mesmo os benefícios que são atribuídos a ela e, em caso positivo, em quais doses e apresentações isso ocorre de forma segura.

Enquanto não há certeza sobre isso, também existe o risco de fazer uso da planta de forma errada, o que expõe a saúde a riscos. Casos de toxicidade hepática associados ao uso de ashwagandha já foram identificados fora do Brasil, e o uso de doses excessivas da planta é associado a outros sintomas, como diarreia, náusea e letargia.

Em países com grande prevalência do comércio irregular da planta, como ocorre no caso brasileiro, também não há garantias de que o que você está adquirindo é mesmo a ashwagandha. Essa incerteza acaba trazendo ainda mais riscos, pois é impossível saber qual planta (e substâncias associadas) está presente no produto irregular.

Produtos com a planta têm venda proibida no Brasil

Através da resolução RE 3.669/2022, a Anvisa proibiu a comercialização, distribuição, fabricação, importação e propaganda de produtos contendo ashwagandha no Brasil, citando a ausência do devido registro, notificação ou cadastro junto ao órgão. Na prática, os produtos industrializados com essa planta não seguiam as normas mínimas de segurança e sequer havia como garantir que possuíam a Withania somnifera em sua composição.

A proibição aumentou as dúvidas no mercado nacional porque a resolução só baniu produtos industrializados que dizem ter ashwagandha. Segundo a Anvisa, formulações manipuladas ainda podem ser prescritas por profissionais de saúde habilitados, seguindo os termos da RDC 67/2007.

No entanto, esses produtos devem ter indicação individualizada para cada paciente, com prescrição específica. A propaganda de manipulados com ashwagandha é proibida. Caso você encontre nas redes algum anúncio de produtos com essa planta, trata-se de comércio irregular, em desacordo com as regras sanitárias brasileiras.