A Iguá Saneamento inaugurou nesta segunda-feira (1º) a estação de tratamento de esgoto da Barra da Tijuca, obra que na prática retoma o processo de manejo de efluentes que estava havia anos interrompido na região sudoeste do Rio de Janeiro.
Com investimento de R$ 170 milhões, a concessionária modernizou a unidade que assumiu da Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgoto) em 2022, ampliando a capacidade de tratamento em 50%. A estação recebe os rejeitos da Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e de outros 17 bairros da região, onde moram 1,2 milhão de pessoas.
Com o investimento na estação, a Iguá bateu a marca de R$ 1 bilhão investidos na concessão no Rio de Janeiro nos três primeiros anos. A empresa tem o compromisso de investir um total de R$ 2,7 bilhões na operação.
A obra da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) durou cerca de dois anos e foi alvo de um conflito entre a Iguá e a Agenersa (Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro). Em agosto, a concessionária foi notificada sobre uma multa de R$ 124 milhões –da qual está recorrendo.
A agência disse ter identificado sete irregularidades na obra, incluindo paralisação indevida e ausência de tratamento adequado. Um dos motivos é que, durante a obra, a Iguá lançava esgoto não tratado direto no mar, via um emissário submarino, a cinco quilômetros da costa.
Na época, a Agernesa argumentou que a modernização da ETE poderia ser feita em etapas, evitando o despejo de esgoto não tratado. A Iguá argumenta que, quando assumiu a estação, identificou que ela estava praticamente inoperante, incapacitada de fazer o tratamento mínimo necessário. Por isso, não faria sentido escalonar a obra em fases em vez de fechar a estação. Na prática, não havia tratamento.
“A estação começa a funcionar em 100% da sua capacidade hoje”, diz Leonardo Soares, diretor institucional da empresa. Segundo ele, a ETE também inclui tecnologia para transformar o lodo do esgoto em adubo, em vez de descartá-lo em aterros.
A inauguração da ETE também simbolizou a reaproximação da Iguá com o governo do Rio de Janeiro. O evento desta segunda teve a presença de representantes da gestão do governador Cláudio Castro (PL).
A Iguá foi uma das vencedoras do leilão da Cedae em 2021, considerado o maior leilão de saneamento do Brasil. Assim como as vencedoras dos outros blocos de concessão, a companhia entrou com pedidos de reequilíbrio econômico e financeiro do contrato. As discussões envolvem reajustes na tarifa e pedidos de compensação pela discrepância no índice de perdas de água –que as empresas identificaram estar muito superior ao que constavam no edital de licitação.
Os processos estressaram a relação com o governo. Durante o evento de inauguração da Iguá, Nicola Miccione, secretário da Casa Civil do Rio de Janeiro, citou os problemas com a empresa e disse que o governo não iria “passar pano”. Mas sinalizou uma reconciliação.
“Eu passei meses sem conversar com a Iguá, por brigas. Isso é normal. Mostra que há um lado querendo fazer e um outro querendo fiscalizar.”
Folha Mercado
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Segundo ele, é natural que problemas aconteçam nos primeiros anos de concessão, e destacou que a melhoria na qualidade de vida e na prestação de serviços de água e esgoto é notável.
“Como um bom casamento, tem turbulências. Um bom casamento leva anos para se restabelecer”, afirmou. “O que está sendo feito aqui é legado.”
O repórter viajou a convite da Iguá
Fonte.:Folha de S.Paulo


