
Crédito, Pete Marovich/Getty Images
- Author, Brandon Drenon
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- Author, Brajesh Upadhyay
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Segundo o jornal americano, o episódio aconteceu no dia 2 de setembro. A reportagem, cuja veracidade não foi confirmada pela BBC, diz que os sobreviventes teriam sido mortos após o secretário de Defesa, Pete Hegseth, autorizar um segundo bombardeio e ordenar verbalmente: “matem todos”.
Hegseth afirmou que a notícia é falsa.
Comitês liderados por republicanos prometeram realizar uma “investigação rigorosa” dos ataques americanos a embarcações na região.
Nesta segunda-feira (1/12), a Casa Branca confirmou que um segundo bombardeio foi ordenado pelo Almirante Frank Bradley — que supervisionava a ação — com autorização do secretário de Defesa, mas negou a ordem para “matar todos”.
“O Almirante [Frak] Bradley agiu corretamente dentro de sua autoridade e da lei”, disse a Secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, em uma coletiva de imprensa.

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Leavitt, contudo, não confirmou se a primeira explosão deixou dois sobreviventes e nem se o segundo bombardeio tinha a intenção de matá-los.
“O presidente Trump e o secretário Hegseth deixaram claro que os grupos designados como narcoterroristas pelo presidente estão sujeitos a ataques letais de acordo com as leis de guerra”, acrescentou Leavitt.
Na segunda, Hegseth publicou no X que o almirante Bradley “é um herói americano, um verdadeiro profissional”.
“Eu o apoio e as decisões de combate que ele tomou — na missão de 2 de setembro e em todas as outras desde então”, e acrescentou:
“Cada narcotraficante que matamos está associado a uma Organização Terrorista Designada.”
Já o presidente Trump defendeu seu secretário de Defesa: “Ele disse que não disse isso. E eu acredito nele 100%.”
Trump afirmou que sua administração “vai investigar” o assunto.
‘Investigação rigorosa’
Mais de 80 pessoas morreram desde o início de setembro.
Já a Venezuela diz que o objetivo é tirar o presidente Nicolás Maduro do poder.
Após a divulgação dos supostos ataques de 2 de setembro, legisladores republicanos e democratas se manifestaram sobre o caso.
Eles disseram não saber se o que foi publicado pelo Washington Post era verdadeiro, mas que atacar sobreviventes de um ataque inicial com mísseis levantava sérias dúvidas sobre sua legalidade.
“Isso chega ao nível de um crime de guerra, se for verdade”, disse o senador democrata Tim Kaine em entrevista à rede CBS.
“Obviamente, se isso aconteceu, seria muito grave, e concordo que seria um ato ilegal”, afirmou Mike Turner, ex-presidente do Comitê de Inteligência, à CBS.
Durante o fim de semana, o Comitê de Serviços Armados do Senado anunciou que realizará uma “investigação rigorosa para apurar os fatos.
O presidente do comitê, o senador republicano Roger Wicker, disse na segunda-feira que os parlamentares planejam entrevistar “o almirante que estava no comando da operação”.
Ele acrescentou que também estão buscando áudios e vídeos para “ver quais foram as ordens”.
Já Comitê de Serviços Armados da Câmara dos Deputados informou que liderará uma “ação bipartidária para obter um relato completo da operação em questão”.
O presidente do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas dos EUA, órgão que reúne os mais altos oficiais, reuniu-se com os comitês de serviços armados da Câmara e do Senado no fim de semana.
As discussões se concentraram nas operações na região e “na intenção e legalidade das missões para desarticular redes de tráfico ilícito”, informou o grupo.
Ação ilegal?
Vários especialistas consultados pela BBC levantaram dúvidas se o segundo ataque contra os supostos sobreviventes poderia ser considerado legal segundo o direito internacional.
Os sobreviventes poderiam estar protegidos pelas normas aplicadas a náufragos ou àquelas destinadas a combatentes que não têm capacidade de continuar lutando.
A administração Trump afirma que suas operações no Caribe configuram um conflito armado não internacional com os supostos narcotraficantes.
As regras de engajamento em conflitos desse tipo — conforme estabelecido nas Convenções de Genebra — proíbem atacar feridos, determinando que eles sejam detidos e recebam cuidados.
Durante o governo do ex-presidente Barack Obama, os militares americanos foram criticados por dispararem múltiplas rajadas a partir de drones, prática conhecida como “double tap“, que às vezes resultava em vítimas civis.
No domingo, a Assembleia Nacional da Venezuela condenou os ataques ao barco e prometeu realizar uma “investigação rigorosa e aprofundada” sobre os ataques de 2 de setembro.
Em entrevista ao programa BBC Newsnight na segunda-feira, o procurador-geral venezuelano, Tarek William Saab, afirmou que as alegações de Trump decorrem de “grande inveja” pelos recursos naturais do país.
Ele também pediu um diálogo direto entre os governos dos EUA e da Venezuela, “para dissipar a atmosfera tóxica que temos testemunhado desde julho do ano passado”.

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Segundo reportagens, durante a chamada, Trump disse a Maduro que ele poderia escolher o destino para onde iria, mas apenas se concordasse em partir imediatamente.
Maduro pediu anistia para seus principais assessores e que fosse autorizado a continuar controlando os militares após deixar o governo. Trump rejeitou ambas as exigências, segundo The Miami Post e a Reuters — informações que a BBC não conseguiu confirmar.
Com reportagem adicional de Lucy Gilder e Thomas Copeland.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL


