O governo de Donald Trump anunciou nesta quarta-feira (3) um aumento na verificação de candidatos a vistos H-1B para trabalhadores altamente qualificados, com um memorando interno do Departamento de Estado afirmando que qualquer pessoa envolvida em “censura” da liberdade de expressão deve ser considerada para rejeição.
Os vistos H-1B, que permitem que empregadores americanos contratem trabalhadores estrangeiros em campos especializados, são cruciais para empresas de tecnologia dos EUA que recrutam intensamente de países como Índia e China. Muitos dos líderes dessas empresas manifestaram apoio a Trump na última eleição presidencial.
O comunicado, enviado a todas as missões dos EUA na terça-feira (2), ordena que os oficiais consulares americanos revisem currículos ou perfis do LinkedIn dos candidatos ao H-1B -e familiares que viajariam com eles- para verificar se trabalharam em áreas que incluem atividades como desinformação, moderação de conteúdo, verificação de fatos, conformidade e segurança online, entre outras.
“Se você descobrir evidências de que um candidato foi responsável por, ou cúmplice em, censura ou tentativa de censura de expressão protegida nos Estados Unidos, você deve buscar uma conclusão de que o candidato está inelegível”, diz o comunicado.
Detalhes sobre a verificação aprimorada para vistos H-1B, incluindo o foco em censura e liberdade de expressão, não haviam sido relatados anteriormente. O Departamento de Estado não respondeu a um pedido de comentário sobre o conteúdo.
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O comunicado afirmou que todos os candidatos a visto estão sujeitos a esta política, mas busca uma revisão intensificada para os candidatos ao H-1B, dado que frequentemente trabalham no setor de tecnologia, “incluindo mídias sociais ou empresas de serviços financeiros envolvidas na supressão de expressão protegida”.
“Você deve explorar minuciosamente seus históricos de emprego para garantir que não haja participação em tais atividades”, diz o texto.
O governo Trump tem feito da liberdade de expressão, particularmente do que considera sufocamento de vozes conservadoras online, um foco de sua política externa.
Autoridades têm repetidamente interferido na política europeia para denunciar o que dizem ser a supressão de políticos de direita, inclusive na Romênia, Alemanha e França, acusando as autoridades europeias de censurar visões como críticas à imigração em nome do combate à desinformação.
Trump já restringiu significativamente a análise de candidatos a vistos estudantis, ordenando que funcionários consulares dos EUA examinem publicações em redes sociais que possam ser hostis aos Estados Unidos.
Como parte de sua ampla repressão à imigração, o presidente impôs em setembro novas taxas sobre vistos H-1B.
Trump e seus aliados republicanos acusaram repetidamente a administração do ex-presidente democrata Joe Biden de incentivar a supressão da liberdade de expressão em plataformas online, alegações que se concentraram em esforços para conter falsas afirmações sobre vacinas e eleições.
Fonte.:Folha de S.Paulo


