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- Author, Helen Briggs
- Role, BBC News
No estilo felino típico, os gatos demoraram a decidir quando e onde criar laços com os humanos.
Segundo novas evidências científicas, a transição de caçador selvagem para animal de estimação ocorreu muito mais recentemente do que se imaginava e em um lugar diferente.
Um estudo de ossos encontrados em sítios arqueológicos indica que os gatos começaram a se aproximar dos humanos apenas há alguns milhares de anos, no norte da África, e não no Levante (região que hoje inclui, por exemplo, Líbano, Síria, Jordânia, Israel e Palestina).
“Eles são onipresentes, fazemos programas de TV sobre eles e dominam a internet”, disse o professor Greger Larson, da Universidade de Oxford (Reino Unido). “Essa relação que temos com os gatos hoje começou há cerca de 3.500 a 4.000 anos, e não há 10 mil anos.”

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Todos os gatos modernos descendem da mesma espécie: o gato selvagem africano.
Sempre intrigou os cientistas como, onde e quando os gatos perderam a vida selvagem e passaram a criar laços próximos com os humanos.
Para desvendar o mistério, pesquisadores analisaram o DNA de ossos de gatos encontrados em sítios arqueológicos na Europa, no norte da África e na Turquia.
Eles dataram os ossos, examinaram o DNA e compararam com o conjunto de genes dos gatos atuais.
As novas evidências mostram que a domesticação dos gatos não começou no início da agricultura, no Levante. Pelo contrário, ocorreu alguns milênios depois, em algum ponto do norte da África.
“Em vez de acontecer na região onde as pessoas se estabelecem com a agricultura, parece ser muito mais um fenômeno egípcio”, disse Larson, da Universidade de Oxford.

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Isso se encaixa com o nosso conhecimento sobre a terra dos faraós como uma sociedade que reverenciava os gatos, imortalizando-os na arte e preservando-os como múmias.
Quando os gatos passaram a se associar aos humanos, foram levados pelo mundo, valorizados como gatos de navio e controladores de pragas. Eles só chegaram à Europa há cerca de 2.000 anos, muito mais tarde do que se imaginava.
Eles percorreram a Europa e chegaram ao Reino Unido com os romanos, e depois começaram a se deslocar para o leste pela Rota da Seda, chegando à China.
Hoje, estão presentes em todas as partes do mundo, exceto na Antártida.

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E, em uma nova descoberta, os cientistas identificaram que um gato selvagem conviveu por um tempo com humanos na China muito antes do surgimento dos gatos domésticos.
Esses felinos rivais eram os gatos leopardo, pequenos gatos selvagens com manchas semelhantes às do leopardo, que viveram em assentamentos humanos na China por cerca de 3.500 anos.
A relação inicial entre humanos e gatos leopardo era essencialmente “comensal”, ou seja, duas espécies vivendo lado a lado sem prejuízos, disse a professora Shu-Jin Luo, da Universidade de Pequim (China).
“Os gatos leopardo se beneficiavam de viver perto das pessoas, enquanto os humanos eram em grande parte indiferentes ou até os recebiam como controladores naturais de roedores”, afirmou.

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Os gatos leopardo não se tornaram domesticados e continuam vivendo na natureza em toda a Ásia.
Curiosamente, eles foram cruzados recentemente com gatos domésticos para produzir os gatos Bengal, reconhecidos como nova raça na década de 1980.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL


