10:20 AM
6 de dezembro de 2025

Decantação de espumantes: a prática que divide opiniões e pode surpreender

Decantação de espumantes: a prática que divide opiniões e pode surpreender

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A simples imagem de um champanhe sendo vertido em um decanter costuma provocar espanto. “Vai perder as bolhas!”, diria qualquer purista. De fato, a efervescência é parte essencial do encanto de um espumante jovem. Mas há situações em que decantar não é um erro. Entender quando, por que e como fazê-lo pode melhorar a experiência.

A decantação nasceu para vinhos tranquilos, com dois objetivos: separar sedimentos e permitir que interajam com o oxigênio, liberando aromas, suavizando taninos e integrando o conjunto. No caso dos espumantes, a intenção é outra: acalmar a musse e liberar aromas que a pressão aprisiona. Em certos vinhos, isso muda tudo.

A oxigenação controlada não “mata” as bolhas, apenas as educa, revelando o que se esconde por trás do gás. Os espumantes muito jovens e tensos são os primeiros candidatos. A grande quantidade de gás pode torná-los um pouco agressivos ao palato. Um rápido descanso de poucos minutos no decanter suaviza a espuma e abre o leque aromático.

Alguns champanhes complexos e gastronômicos, elaborados por pequenos produtores, fermentados em barrica e envelhecidos longamente sobre as borras, ganham profundidade quando decantados. São vinhos de bolha delicada, mais estruturados, que pedem oxigênio para exibir notas de brioche, avelã e mel.

O mesmo vale para espumantes maduros, que já perderam parte da pressão e se comportam quase como brancos tranquilos. Neles, decantar é dar voz ao vinho — e não silenciar as borbulhas. Por outro lado, espumantes simples e joviais devem ser servidos diretamente da garrafa. Não indico decantar, por exemplo, um prosecco ou espumantes não safrados. Sua graça está na vitalidade do perlage. O método requer delicadeza.

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Um espumante não deve ser despejado com vigor. Incline o decanter, deixe o vinho escorregar pelas paredes e escolha modelos estreitos, de base pequena, que reduzam o contato com o ar, e que cabem dentro de um balde de gelo. O serviço deve ser imediato: decantar espumante não é deixá- lo respirar longamente como em um tinto, e sim acordá-lo. Neste caso, espere 3 minutos e sirva em pequenas doses.

A experiência pode surpreender. Sirva metade da garrafa direto e a outra metade decantada: o contraste entre tensão e suavidade mostra o poder desse breve encontro com o oxigênio. Decantar espumantes não é modismo nem provocação. Experimente e veja se gosta.

Duas garrafas com fundo branco
Sugestões de rótulos (Reprodução/Divulgação)
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Champagne Devaux D Millésimé Brut 2012
Elaborado com 50% pinot noir e 50% chardonnay, com dez anos sobre suas borras e 7 gramas de açúcar de dosagem. Dourado com notas de brioche, mel, amêndoa. Paladar firme, de ótima acidez, de uma das melhores safras da década. Pode se beneficiar de uma decantação/aeração breve. R$ 1 839,90, na Grand Cru.

Champagne Jacquart Moisaïque Brut
Elaborado com chardonnay (40%), pinot noir (35%), pinot meunier (25%), com 36 meses sur lie. Amarelo palha, perlage fina. Aroma fresco e frutado, com notas de maçã, pera, pêssego, pão torrado. Paladar leve e fresco, de boa cremosidade. Um champanhe mais jovial, que dispensa decantação. R$ 739,90, na Wine.

Publicado em VEJA São Paulo de 5 de dezembro de 2025, edição nº 2973.

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Fonte.: Veja SP Abril

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