Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse a interlocutores nesta terça-feira (9) que a decisão de Jair Bolsonaro (PL) de indicar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência não o surpreendeu e que sua intenção é permanecer no Governo de São Paulo. Apesar disso, aliados próximos afirmam nos bastidores que ainda veem espaço para uma eventual mudança que o leve à disputa nacional.
O governador realizou um evento no Palácio dos Bandeirantes que, segundo a organização, reuniu mais de 200 prefeitos do interior. As eleições de 2026 dominaram os grupos de conversas. Tarcísio fez um discurso centrado em sua gestão e nos investimentos do estado, posou para fotos, conversou com prefeitos e afirmou, em uma das rodas, que conhece Bolsonaro e que o movimento em direção a Flávio era esperado.
Ele também disse que não deve participar de articulações pelo senador junto ao mercado financeiro nos próximos dias, em razão das reações negativas de gestores à decisão do ex-presidente.
Até a última semana, o governador vinha participando de eventos nos quais abordava temas nacionais e era tratado como presidenciável.
Apesar disso, afirmou a interlocutores após a escolha de Flávio que não tem perfil de articulador político e citou, como exemplo, que no fim de semana, sua preocupação foi acompanhar o Flamengo, seu time, que se sagrou campeão brasileiro deste ano, e a rodada do campeonato.
O governador mencionou que ao menos três secretários devem deixar o governo para disputar as eleições e citou entregas previstas para 2025, como o trecho norte do Rodoanel e as linhas 17-Ouro e 6-Laranja do metrô.
Ele foi abordado por jornalistas no evento desta terça, mas preferiu não conceder entrevistas. Na segunda-feira (8), em Diadema (ABC), ele havia dito que apoiará Flávio, mas que a direita deveria apresentar outros nomes à disputa presidencial.
No entorno de Tarcísio, a decisão de Bolsonaro provocou desorganização entre seus principais aliados, que estavam coesos ao redor da campanha presidencial do governador.
Membros do PL avaliam que a candidatura de Flávio é um fato consolidado, mas reversível, e que o foco no estado passou a ser a definição do nome do vice na chapa de reeleição de Tarcísio. O atual vice-governador, Felício Ramuth (PSD), ocupa o cargo, mas o PL pretende reivindicá-lo.
“A gente vai esperar essa consolidação [da candidatura de Flávio]. Aí sim, permanecendo a candidatura do nosso governador Tarcísio de Freitas à reeleição, os partidos que fazem parte da base dele vão sentar e discutir a sucessão, a vice, as duas vagas do Senado“, disse o presidente da Alesp, André do Prado (PL), cotado para o governo caso Tarcísio se lançasse à Presidência.
Um dirigente do PSD afirmou que a candidatura do senador tende a se inviabilizar por falta de apoios antes do período eleitoral e que Tarcísio continua no páreo. Para outro aliado, que falou sob reserva, ao se lançar Flávio assumiu sozinho a articulação da candidatura, tarefa que antes era conduzida de forma compartilhada entre lideranças da centro-direita.
Outro integrante do entorno avaliou que a decisão pode incentivar o centrão a aprovar a anistia, oferecendo liberdade ao ex-presidente em troca da retirada da candidatura de Flávio.
Em Brasília, porém, como a Folha informou, partidos do centrão ameaçam isolar a candidatura do senador e rejeitam a pressão por aprovação do projeto de anistia. Em contrapartida, o presidente da Câmara decidiu colocar em pauta o projeto de lei que reduz penas de condenados por golpismo.
Fonte.:Folha de S.Paulo


