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12 de dezembro de 2025

Intrepid Museum: como é visitar o Concorde em museu de NYC – 10/12/2025 – Turismo

Intrepid Museum: como é visitar o Concorde em museu de NYC – 10/12/2025 – Turismo

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Parece um contrassenso, mas cruzar o Atlântico de avião já foi muito mais rápido do que é hoje. Isso porque, na segunda metade do século 20, a aviação comercial viveu o que parecia ser o seu auge com o Concorde, um avião supersônico (isto é, que voava acima da velocidade do som, equivalente ao dobro dos aviões atuais) capaz de fazer o trajeto em só três horas.

É que, apesar da rapidez, da conveniência e do status que ele dava aos seus passageiros, o Concorde consumia cerca de 20 toneladas de combustível por hora em voo de cruzeiro (quatro vezes o consumo de um jato moderno, como o Airbus A350), e muito mais na decolagem. Tudo isso levando só cem passageiros —uma operação absurdamente cara.

Além disso, havia também o chamado boom supersônico, um forte estrondo ouvido da terra firme toda vez que o jato ultrapassava a velocidade do som. Isso restringia sua operação a áreas não povoadas —ou seja, ele só voava rápido assim sobre o oceano, nunca sobre os continentes.

Ao longo desse auge, foram produzidas 20 unidades do Concorde. Um deles fica hoje aberto à visitação no Intrepid, em Nova York. É um museu militar, instalado no porta-aviões que dá nome ao museu e que desde 1982 está atracado no píer 86.

O navio fez parte da espinha dorsal da Marinha americana durante a Segunda Guerra Mundial, tendo sobrevivido a cinco ataques dos kamikazes e servindo ainda na Guerra do Vietnã.

Embora a temática naval seja sedutora —além do porta-aviões, há também um submarino que pode ser visitado por dentro— e haja um protótipo do ônibus espacial da Nasa, que pode ser visto apenas de fora, o mais inusitado do museu é mesmo o Concorde.

A visita à aeronave, infelizmente, é cobrada à parte —US$ 20, além dos US$ 50 da entrada do museu, o que dá cerca de R$ 380 pela experiência completa. Ela é feita em pequenos grupos e dura cerca de 20 minutos. É restrita ao cockpit e às primeiras fileiras de assentos —o suficiente para matar a curiosidade, embora uns 10 minutos a mais fossem bem-vindos para fazer fotos com calma.

Para entrar no Concorde, uma pessoa de 1,80 m de altura já precisa dar uma abaixadinha. Uma vez dentro, a sensação é parecida com a de estar em um jatinho privado, com a diferença de que ali existem 28 fileiras de assentos, com dois de cada lado do corredor. Dá para ficar em pé numa boa, mas levantar os braços… aí já é demais. Enquanto os visitantes se acomodam nos assentos, o guia conta a história do jato.

O Concorde começou a ser pensado no início dos anos 1960, quando os aviões a jato lançados pela americana Boeing eram a grande novidade da aviação.

Um avião ainda mais rápido, supersônico, era portanto o próximo passo natural para os europeus, que queriam frear a dominância dos Estados Unidos nessa indústria. O Concorde foi então concebido e construído por uma joint-venture entre britânicos e franceses —que depois de muitas fusões e aquisições, passou a fazer parte do que hoje é a Airbus.

Os primeiros voos aconteceram em 1976 operados pela British Airways, para o Bahrein, no Oriente Médio, e pela Air France, para o Rio de Janeiro, com uma parada técnica em Dacar, no Senegal.

Além de todo o luxo e exclusividade de voar em uma aeronave que parecia ter saído de “Os Jetsons”, havia algo ainda mais especial no Concorde. Como ele voava muito alto, a cerca de 60 mil pés (ou 18 mil quilômetros de altura, bem mais que os 12 mil dos aviões a jato), os passageiros conseguiam ver a curvatura da Terra.

É curioso também observar as mudanças no padrão de conforto da aviação. Dentro do Concorde que está exposto no museu de Nova York, o visitante percebe que os assentos da época eram bem mais espaçosos que os atuais.

Por outro lado, nota-se que o banheiro era ainda mais apertado que os de hoje (afinal, era uma fuselagem estreita) e a janelas que entregavam aquela vista incrível eram, na verdade, do tamanho de um passaporte —isto é, cerca de três vezes menores do que as janelas do moderno Boeing 787.

Enquanto o guia fala, os visitantes vão, um de cada vez, visitar o cockpit, de onde é possível entender por que o nariz pontiagudo da aeronave, desenhado assim para romper a barreira do som, se curvava para baixo na hora do pouso. Sem esse mecanismo, seria impossível que o piloto pudesse ver a pista.

O guia também circula fotos antigas da aeronave e até a cópia de um cartão de embarque de janeiro de 1997. Ele registra que, à época, um voo de Concorde entre Nova York e Paris custava cerca de US$ 6.700 o trecho, o que em valores atuais seriam US$ 13.500, ou o equivalente a R$ 75 mil. É quase o mesmo preço que a Air France cobra hoje pela ida e volta na mesma rota, em primeira classe.

O Concorde teve vida curta, indo de de coqueluche da aviação a peça de museu em apenas 27 anos —em comparação, o Boeing 747, lançado em 1969, voa até hoje.

Além dos altíssimos custos operacionais, em julho de 2000 um Concorde que partia de Paris sofreu um acidente que matou todos a bordo, marcando o início do final da era dos voos supersônicos. O último voo dele foi em 2003.

Mas o encanto da aviação supersônica foi tanto que algumas empresas seguem tentando desenvolver um novo avião desse tipo que seja mais silencioso e menos beberrão do que o Concorde. Os envolvidos prometem o primeiro voo comercial da nova fase para 2029.



Fonte.:Folha de S.Paulo

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