
O Museu do Louvre, em Paris, amanheceu de portas fechadas a segunda-feira (15) após funcionários aprovarem, de forma unânime, uma greve geral por tempo indeterminado. A paralisação, que atinge o museu mais visitado do mundo, expõe uma crise que, segundo os trabalhadores, vinha sendo empurrada para debaixo do tapete há anos.
A decisão foi aprovada por cerca de 400 funcionários. O movimento é liderado pelos sindicatos Confederação Geral do Trabalho (CGT), Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT) e Sud Culture, que denunciam más condições de trabalho, a redução contínua do quadro de funcionários e problemas estruturais no edifício histórico.
Falta de pessoal e sobrecarga
Atualmente, o Louvre conta com cerca de 2.200 funcionários para atender a um fluxo médio de 30 mil visitantes por dia. Segundo os sindicatos, o problema é que o número de trabalhadores vem diminuindo enquanto o público cresce, com cerca de 200 postos cortados desde 2015.
A principal reivindicação é a contratação de mais funcionários, especialmente nas áreas de segurança e atendimento ao visitante. Na prática, a escassez de pessoal resulta em salas frequentemente fechadas, filas longas, superlotação e uma rotina marcada pela carga excessiva de trabalho. Trabalhadores afirmam que a situação compromete tanto a preservação do acervo quanto a segurança do público.
Um museu sob pressão
A greve acontece em um momento particularmente delicado para o Louvre. Nos últimos meses, a instituição enfrentou uma sequência de episódios que colocaram sua gestão sob intenso julgamento público.
Em outubro, um roubo em plena luz do dia resultou no desaparecimento de joias de alto valor e expôs falhas no sistema de vigilância. Pouco depois, em novembro, uma galeria com nove salas dedicadas à cerâmica da Grécia Antiga precisou ser fechada por questões estruturais. Para os funcionários, os episódios não são acidentes isolados, mas consequência direta de anos de negligência com manutenção, segurança e infraestrutura.
Investigações do Ministério da Cultura francês apontaram falhas técnicas graves, como a falta de telas suficientes nas salas de controle para monitorar as câmeras em tempo real – o que teria dado vantagem aos ladrões no roubo de outubro. Relatórios anteriores já haviam alertado para vulnerabilidades no edifício.
Aumento do ingresso entra na pauta
Outro ponto central da greve foi a decisão de elevar em 45% o preço do ingresso para visitantes de fora da Europa. A partir de 14 de janeiro de 2026, o bilhete passará de € 22 para € 32 para quem não pertence ao Espaço Econômico Europeu, que inclui os países da União Europeia, além de Islândia, Liechtenstein e Noruega.
Os sindicatos, no entanto, veem a medida como discriminatória e contraditória. Para eles, o aumento penaliza justamente o público que mais visita o museu, sem garantir que os recursos arrecadados serão revertidos em melhorias concretas. Há também o temor de que visitantes paguem mais caro para encontrar um museu com salas fechadas, acesso limitado ao acervo e serviços comprometidos pela falta de pessoal.
A crítica vai além do valor do ingresso. Funcionários afirmam que a medida fere o princípio da igualdade de acesso, especialmente quando comparada a instituições como o Museu Britânico, que mantém entrada gratuita.
O que vem agora?
Na manhã da segunda-feira (15), turistas foram ao Louvre e encontraram os portões fechados. Para muitos visitantes, o museu é o principal atrativo da viagem a Paris. Diante da paralisação, o museu informou que os ingressos comprados para o dia 15 serão automaticamente reembolsados.
Como o Louvre tradicionalmente fecha às terças-feiras, a reabertura mais cedo possível seria na quarta-feira, mas isso depende do andamento das negociações. Os sindicatos decidiram levar as reivindicações diretamente ao Ministério da Cultura francês, contornando a direção do museu, diante do agravamento do clima interno.
Enquanto isso, audiências no Senado continuam investigando as falhas de segurança que permitiram o roubo das joias, e o governo francês reconhece a necessidade de uma reorganização da instituição. Um plano de renovação havia sido anunciado em janeiro deste ano, mas os trabalhadores cobram medidas imediatas, sobretudo a segurança reforçada e condições mínimas para manter o museu funcionando.
Compartilhe essa matéria via:
Newsletter
Aqui você vai encontrar dicas de roteiros, destinos e tudo o que você precisa saber antes de viajar, além das últimas novidades do mundo do turismo.
Inscreva-se aqui
para receber a nossa newsletter
Cadastro efetuado com sucesso!
Você receberá nossas newsletters em breve!
Clique aqui para entrar em nosso canal no WhatsApp
Fonte.:Viagen


