O Mimada Café, aposta da chef Renata Vanzetto no crescente segmento de casas especializadas em brunch, transita por clássicos de café da manhã, saladas e doces já servidos em outros estabelecimentos do grupo.
A casa fica na rua Bela Cintra, na região oeste de São Paulo, bem ao lado de outros restaurantes do grupo Eme –conjunto de empreendimentos de Vanzetto–, como Muquifo, Mamma Vanzetto, Matilda e Motel.
Boa opção para começar a refeição é o Platô Sadelle’s (R$ 92), marcado no cardápio como “sugestão da chef”. É uma referência ao Sadelle’s Tower, prato servido em três andares com salmão, atum e bagel pelo restaurante de mesmo nome, inaugurado em Nova York em 2015 –e hoje com unidades espalhadas pelo mundo.
A versão do Mimada é feita com crudo de atum, salmão gravlax e creme azedo com ovas e endro. O atum, mais saboroso, vem com um fio de azeite. Já o salmão, apesar de não entregar tanto em sabor, é fatiado em nacos mais carnudos e funciona bem com o creme azedo e o limão siciliano –espremido na hora pelo próprio cliente que assim desejar.
No lugar dos bagels da casa nova-iorquina, em geral muito pesados, o Mimada serve os peixes com torradas de croissant. Fatiadas bem finas, parecem uma opção mais delicada, mas, na prática, não funcionam muito bem, pois os alvéolos dificultam equilibrar os peixes sobre a massa, que ainda se quebra facilmente.
Vanzetto optou por manter a apresentação em três andares. Quando o Sadelle’s inaugurou, Pete Wells, o crítico gastronômico do jornal The New York Times que se aposentou no ano passado, escreveu sobre o prato: “é exibido e extravagante, mas é ótimo”. O mesmo se aplica à versão do Mimada.
Entre as comidas mais triviais estão os sanduíches, os ovos mexidos e o pão de queijo (R$ 16) –este, servido prensado, com uma porção de requeijão.
O café coado (R$ 13), feito com grãos especiais cultivados na região de Garça (SP), entrega o que dele se espera. Com doçura média e baixa acidez, agrada aos que torcem o nariz para os cafés mais exóticos. E, se não é particularmente interessante, também não afugenta os apreciadores da bebida. É o simples café da casa, feito para acompanhar a refeição, e não para ser degustado por si só.
Já os sucos são servidos em copos descartáveis, uma escolha, no mínimo, desarmônica. Os recipientes de plástico não dialogam com as louças de estética retrô –que inclusive são vendidas na mercearia do grupo Eme. Destoam também das xícaras em estilo clássico nas quais são servidos os cafés. Tampouco harmonizam com a pomposa apresentação em três andares do Platô Sadelle’s, a sugestão da chef. Isso sem mencionar a questão do descarte desnecessário de plástico que a prática gera, considerando que esse volume de lixo é significativo em um estabelecimento com o fluxo de clientes típico dos empreendimentos de Vanzetto.
Entre os doces, a casa tem french toast (R$ 46) –servida com sorvete de caramelo–, waffles (R$ 45) e panquecas no estilo americano (R$ 40), além de sobremesas que fazem sucesso em outras casas do grupo. É o caso do bolo de cenoura do Muquifo (R$ 42), da pavlova do Ema (R$ 45) e da tentação de morango do Motel (R$ 45).
O banana bread (R$ 38) tem miolo macio e bordas levemente tostadas. O sabor da fruta madura com a cobertura de baunilha resulta em uma fatia saborosa e bem doce. O pedaço é generoso e o suficiente para dois comensais compartilharem ao fim da refeição.
Teria funcionado incrivelmente bem com um espresso, mas a bebida não estava disponível na visita da reportagem. Se, por um lado, é decepcionante uma cafeteria que não serve espresso a despeito da grande máquina instalada dentro do salão, por outro é compreensível que ajustes são normais no início da operação —a reportagem visitou a casa na segunda semana após o soft opening.
Felizmente, o coado ornou bem com o Platô Sadelle’s. Vale, aliás, voltar à casa por essa entrada, que, em um dia abafado, típico do verão paulistano, harmonizará ainda melhor com um latte gelado –oxalá não servido em copo descartável.
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Fonte.:Folha de São Paulo


