Andar de metrô em Roma significa atravessar séculos de história antes mesmo de chegar ao destino final. A capital italiana inaugurou duas novas estações da Linha C – uma delas sob o Coliseu – em uma obra que mistura transporte público, arqueologia e museu subterrâneo e ajuda a explicar por que construir metrôs na Cidade Eterna é sempre um desafio à parte.
Aberta ao público na terça-feira (16), a estação do Coliseu foi concebida também como um espaço expositivo. Em seu interior, passageiros se deparam com vitrines que exibem objetos encontrados durante as escavações, como vasos e pratos de cerâmica do século 2 a.C. Há ainda as ruínas de uma piscina de água fria e de um banho termal que integravam uma residência do século 1.
A estação aposta em uma arquitetura que explora contrastes entre luz e sombra, vazio e matéria, profundidade e superfície. A proposta é traduzir no espaço a ideia de camadas históricas sobrepostas como uma metáfora direta do trabalho arqueológico realizado no local.
Além do caráter arqueológico e cultural, a estação tem papel estratégico na malha de transporte da cidade: funciona como ponto de integração com a Linha B, permitindo conexão direta nos sentidos de Termini e Laurentina. O acesso à parada se dá por duas entradas – no Clivo di Acilio e no Clivo di Venere Felice – ambas equipadas com escadas fixas e escadas rolantes.

Atrasos e desafios da construção
A Linha C está em construção há cerca de duas décadas e acumulou atrasos por uma combinação de fatores, entre eles entraves burocráticos, limitações de financiamento e, sobretudo, a necessidade de escavações arqueológicas.
Para avançar, os engenheiros recorreram a soluções pouco usuais, como o congelamento do solo para estabilizar o terreno e a construção de paredes de concreto conhecidas como diafragmas sacrificiais, que são demolidas à medida que a escavação avança. O objetivo foi garantir a preservação tanto dos achados arqueológicos quanto das estruturas históricas acima do solo.
Ao longo das obras da Linha C, já foram encontrados mais de 500 mil artefatos. Na estação do Coliseu, parte desse material foi incorporada ao próprio espaço, reforçando a ideia de que o metrô funciona também como uma extensão dos museus da cidade. A proposta se traduz em um percurso que combina circulação e contemplação, com telões que exibem imagens do processo de escavação, contextualizando o visitante e ajudando a explicar os atrasos da obra.
A estação Porta Metronia
Além da estação sob o Coliseu, Roma inaugurou também um ponto na Porta Metronia, localizada a uma parada de distância e a cerca de 30 metros de profundidade. Ali, as escavações revelaram um quartel militar com quase 80 metros de comprimento, que data do início do século 2.
A disposição das entradas dos cômodos – deslocadas umas das outras – indica que o edifício foi projetado para permitir que soldados saíssem e se organizassem sem se cruzar nos corredores. No mesmo local, arqueólogos identificaram uma casa com afrescos e mosaicos bem preservados. A previsão é que um museu interno à estação seja inaugurado para expor esse conjunto de forma permanente.
Impacto na cidade
Cada nova etapa da Linha C confirma que toda escavação é uma descoberta em potencial em Roma. O percurso completo do metrô passará sob alguns dos patrimônios mais emblemáticos da cidade, como a Coluna de Trajano, a Basílica de Maxêncio, palácios renascentistas, igrejas históricas e áreas próximas ao Vaticano.
Quando concluída, a linha terá cerca de 29 km de extensão, sendo aproximadamente 20 km subterrâneos, distribuídos ao longo de 31 estações. Com capacidade estimada de até 800 mil passageiros por dia, o projeto deve custar cerca de 7 bilhões de euros e tem conclusão final prevista para 2035. Antes disso, a próxima parada a entrar em operação será a da Piazza Venezia, prevista para 2033, no coração do centro romano.
Para moradores e turistas, o projeto promete aliviar o trânsito no centro histórico e ampliar o acesso aos principais pontos turísticos. No caso da estação sob o Coliseu, o trajeto deixa de ser apenas funcional e se transforma em uma experiência que revela fragmentos da vida cotidiana de Roma, preservados sob a cidade moderna.
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Fonte.:Viagen


