7:18 AM
19 de dezembro de 2025

Martinique tem boas ideias, mas precisa corrigir falhas – 18/12/2025 – Restaurantes

Martinique tem boas ideias, mas precisa corrigir falhas – 18/12/2025 – Restaurantes

PUBLICIDADE


Crítica | SP
Martinique Bistrô

Duas estrelas (regular)
R. Martinico Prado, 364, Vila Buarque, região central; @martiniquebistro

A ideia de existir representante da “bistronomie” na Vila Buarque, região cada vez mais gourmand de São Paulo, é tentadora. O conceito prevê um restaurante sem frescuras, que sirva receitas francesas feitas com técnicas da alta cozinha e com preços amigáveis. Tudo a ver com o público dali e de Santa Cecília, na vizinhança.

Como esperado neste contexto, o cardápio do Martinique Bistrô tem receitas como cassoulet com pato confit (R$ 95) e carré de cordeiro (R$ 150). Com valores não exatamente amigáveis, é verdade. Mas a casa tranquila em meio à agitação do centro poderia ser uma alternativa para tirar do comum o almoço de domingo.

Como o próprio restaurante se define como “bistrô franco-brasileiro”, saltaram aos olhos alguns nomes italianos no menu. Caso da porção de arancini, bolinhos preparados com arroz de risoto. Há duas versões na casa. A de polvo (R$ 55) e a de tomate (R$ 42). Outro item que chamou a atenção foi a brusqueta.

Receba no seu email um guia com a programação cultural da capital paulista

O toque francês revelou-se na descrição: brusqueta de brioche com ragu de cordeiro (R$ 45), servida com tomatinho confit e parmesão ralado. Foi o que pedimos para começar. O pão era, na verdade, uma foccacia. Chegou tostada por fora e macia por dentro. Já o cordeiro estava mais para carne de panela do que para ragu. Esperava-se mais de um preparo assado em baixa temperatura, técnica que resulta em um aspecto encorpado, suculento.

Seguimos para os principais. Quem pede o chorizo com batata mil-folhas (R$ 95) pode escolher um molho para acompanhar. As opções são bordelaise, dijon ou poivre. Escolhemos o último. A batata tinha aspecto encharcado. Logo pesou e acabou ficando no prato. À carne, faltava sal.

O bourguignon de cogumelos (R$ 65), preparado a partir de uma marinada em vinho tinto e cozido com salsão, cenoura e cebola, estava incomodamente doce. Embaixo, uma polenta anunciada no menu como cremosa tinha o aspecto de uma farofa úmida e de sabor neutro.

Para encerrar, a sugestão era panetone artesanal, recheado de chocolate branco e amarena, servido com calda de chocolate. Em busca de algo básico, pedimos o pudim (R$ 28). Não tinha. A segunda tentativa foi o crème brûlée (R$ 32). Também não tinha.

A atendente disse que traria a torta francesa de chocolate com pimenta e hortelã (R$ 32). Estava cremosa e com sabor bem marcado, sob uma calda densa. Aquecida de forma desigual, não tinha sinal da pimenta nem de hortelã.

A sequência de equívocos se estendeu ao atendimento, desatento a ponto de uma cliente se levantar para fazer o pedido no balcão. Descuidado a ponto de não preparar devidamente as mesas.

De uma casa que se coloca como representante da cozinha de bistrô, espera-se sabor, técnica e boa apresentação. A ideia do Martinique é boa e está ali. Mas os pratos precisam ser repensados e testados. E a brigada merece ser bem treinada.





Fonte.:Folha de São Paulo

Leia mais

Rolar para cima