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21 de dezembro de 2025

Os riscos dos tratamentos para dor divulgados nas redes sociais

Os riscos dos tratamentos para dor divulgados nas redes sociais

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Basta pesquisar por “tratamento para dor” no Google para que os algoritmos inundem o feed com conteúdos sobre o tema. Mas nem tudo o que aparece na internet é confiável. Informações online podem ser úteis, mas também enganosas — e, quando se trata de dor, esse risco aumenta, porque quem sofre costuma estar exausto e desesperado por uma solução rápida.

É importante reconhecer: não existe um único tratamento, uma pílula mágica, um remédio isolado ou uma cirurgia capaz de resolver a dor crônica sozinha.

A melhora depende de várias estratégias combinadas — medicamentosas, não medicamentosas, mudanças de hábito, cuidados biopsicossociais, sono adequado, alimentação, gerenciamento emocional e atenção ao ambiente e às relações. O tratamento envolve o corpo inteiro, e também a forma como você vive.

No Brasil, levantamentos mostram que 68% das pessoas buscam no Google informações sobre tratamentos de saúde, e a prevalência de dor crônica é alta — cerca de 36,9% entre brasileiros acima de 50 anos.

Isso cria um enorme mercado de buscas, e, junto com ele, uma avalanche de desinformação. A pesquisa mostra que a internet é terreno fértil para conteúdos enganosos, especialmente quando prometem “curas rápidas”, soluções naturais milagrosas ou métodos sem comprovação científica.

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Vídeos no YouTube, sites comerciais e perfis de redes sociais frequentemente apresentam informações incompletas ou falsas sobre dor crônica.

+Leia também: Mercadores da cura

Como avaliar informações sobre dor na internet

Diante disso, precisamos saber nos orientar. Buscar respostas rápidas é natural, mas nem tudo que está na rede é seguro. A seguir, um checklist simples para avaliar se um conteúdo merece confiança:

  • Quem é o autor?
    Identifique se é um profissional da saúde ou instituição séria. Perfis sem identificação ou com títulos duvidosos são sinal de alerta.
  • Há fontes confiáveis?
    Informações de qualidade citam estudos, diretrizes e instituições reconhecidas. Cuidado com conteúdos que dizem “cientificamente comprovados” sem mostrar de onde veio.
  • Promete cura rápida?
    Dor crônica não tem solução instantânea. Promessas de “cura em 7 dias”, “tratamento natural definitivo” ou “resultados garantidos” exigem desconfiança.
  • Linguagem sensacionalista?
    Frases como “o segredo que ninguém te contou” costumam indicar manipulação emocional, não ciência.
  • Está tentando te vender algo?
    Se o conteúdo rapidamente vira oferta de suplemento, kit, curso ou dispositivo, desconfie.
  • Explica riscos e limites?
    Tratamentos reais têm benefícios e contraindicações. Se não há ressalvas, há problema.
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Pergunte-se sempre: Isso parece bom demais para ser verdade? Outros sites sérios dizem o mesmo? Meu profissional de saúde concordaria? Há interesse comercial por trás?

Onde buscar informações confiáveis sobre dor

Para informações confiáveis sobre dor, procure:

  • Instituições internacionais: CDC, NIH, NCCIH, IASP, Pain UK, Pain Australia
  • Em português: Ministério da Saúde, BVS/SUS, SBED, Adoc, conteúdos de universidades públicas (USP, UNIFESP, UFMG etc.)
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Priorize sites que explicam como a dor funciona, não que oferecem apenas “receitas de cura”. Informação de qualidade faz parte do tratamento e ajuda a evitar frustrações e gastos desnecessários. Sempre que possível, leve o link ao seu profissional de saúde para avaliar se aquilo faz sentido para o seu caso.

Boa informação é parte do cuidado.

*Mariana Schamas-Esposel, BSc Kin, cinesiologista pela California State University, pós-graduada em Dor e coordenadora do curso Dor e Movimento do HCX USP.

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Fonte.:Saúde Abril

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