
Crédito, Anadolu via Getty Images
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse nesta sexta-feira (21/11) que a Ucrânia apresentará “alternativas” a um plano de paz proposto pelo governo Trump.
“Apresentarei argumentos, tentarei persuadir e vou propor alternativas”, declarou Zelensky, em discurso à nação, proferido em frente ao palácio presidencial em Kiev.
Em seu discurso de 10 minutos, Zelensky alertou que a Ucrânia pode enfrentar uma “escolha muito difícil: perder sua dignidade, ou correr o risco de perder um parceiro fundamental”, numa aparente referência aos EUA que, segundo relatos, estariam pressionando a Ucrânia a aceitar um plano para encerrar a guerra com a Rússia.
O presidente ucraniano também afirmou que “hoje é um dos momentos mais difíceis da nossa história”.
‘O inimigo não está dormindo’
Zelensky afirmou ainda que, na próxima semana, a Ucrânia enfrentará “muita pressão… para nos enfraquecer, para nos dividir”, acrescentando que “o inimigo não está dormindo”.
Ele também exortou os ucranianos a permanecerem unidos diante da pressão.
“O interesse nacional da Ucrânia deve ser levado em consideração”, diz ele, acrescentando que “não faremos declarações bombásticas; trabalharemos calmamente com os Estados Unidos e todos os nossos parceiros”.
“Teremos uma busca construtiva por soluções com nosso principal parceiro”, enfatizou Zelensky, referindo-se aos EUA.
Zelensky tem conversado com o vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, conforme confirmado pela CBS News, parceira da BBC nos EUA.
Citando uma autoridade ucraniana, a produtora da CBS na Casa Branca, Kristin Brown, escreve no X (antigo Twitter): “Vance e Zelensky conversaram hoje sobre a proposta de plano de paz.”
Em uma entrevista à Fox Radio nesta sexta-feira, Donald Trump afirmou que a Ucrânia perderá mais território “em pouco tempo”.
Embora tenha dito que os prazos podem ser estendidos se as coisas “correrem bem”, a Casa Branca acredita que quinta-feira (27/11) — Dia de Ação de Graças nos EUA — é “uma data apropriada” para a Ucrânia assinar o plano de paz proposto.
Sobre as preocupações de que a Rússia possa, no futuro, representar uma ameaça ao Báltico ou a outras partes da Europa, Trump afirmou que “eles [a Rússia] serão detidos”.
“Eles não estão buscando mais guerras”, acrescentou. “Eles estão sendo punidos.”

Crédito, Reuters
O que prevê o plano de Trump para a Ucrânia?
A minuta do plano de paz que vem sendo discutido foi divulgada publicamente por um político da oposição ucraniana e confirmada por um funcionário da Casa Branca, segundo informações da CBS News, parceira da BBC nos EUA.
Composto por 28 pontos, o plano do governo Trump funcionaria da seguinte forma:
- Cessar-fogo imediato: Entraria em vigor imediatamente caso ambas as partes concordassem com o acordo.
- A Ucrânia cederia território: Este é um dos elementos mais controversos, pois envolve a cessão, por parte da Ucrânia, de territórios não ocupados. A Rússia também manteria grande parte do território ucraniano sob sua ocupação – Crimeia, Donetsk e Luhansk – e essas áreas seriam reconhecidas pelos EUA como território russo de fato.
- A Ucrânia deixaria de aderir à OTAN: Kiev renunciaria às suas aspirações de ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte – atualmente previstas em sua Constituição. O caminho para se tornar um Estado-membro da União Europeia, no entanto, permaneceria aberto.
- Limite militar para Kiev: O efetivo militar do país seria limitado a 600 mil pessoas.
- Garantia dos EUA: Se a Rússia invadir a Ucrânia novamente, isso desencadearia uma “resposta militar coordenada e decisiva” e a reinstalação das sanções contra Moscou.
- Eleições ucranianas: Precisariam ser realizadas em até 100 dias. A Ucrânia tinha eleições externas agendadas para o início de 2024, mas elas foram adiadas devido à guerra.
- Garantias econômicas: O plano prevê um plano de recuperação para a Ucrânia, cuja economia foi devastada por anos de guerra. Cerca de US$ 100 bilhões (R$ 538 bilhões) em ativos russos congelados seriam investidos na Ucrânia, enquanto a Rússia iniciaria negociações para o levantamento das pesadas sanções que enfrenta desde o início da invasão.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL


