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1 de novembro de 2025

A arquitetura indígena e as cidades-floresta – 01/11/2025 – Txai Suruí

A arquitetura indígena e as cidades-floresta – 01/11/2025 – Txai Suruí

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De 3 a 10 de novembro de 2025, durante a Pré-COP30 em Belém, acontecerá o lançamento oficial da Bienal Indígena de Arquitetura e Urbanismo com a presença de lideranças indígenas, universidades, coletivos culturais, parceiros institucionais e toda a sociedade está convidada, a juntos pensar uma forma diferente de Arquitetura e Urbanismo.

Pensar a arquitetura e o urbanismo é pensar nosso lugar e pensar a sociedade. As cidades são vistas como centros da criação do conhecimento, que trouxe essa falsa ideia de que nos campos e florestas não se cria conhecimento. É nos grandes centros urbanos e nas metrópoles onde se concentram o dinheiro e o poder. As cidades poluem e soterram seus rios e chamam de civilização. A especulação imobiliária faz a cidade crescer sem pensar suas áreas verdes e a importância das florestas na vida das pessoas. Essa ideia de cidade criada que também nos afastou da natureza.

As bienais de arquitetura têm o papel de reunir, divulgar e provocar reflexões sobre as práticas e pensamentos que moldam a arquitetura e o urbanismo. Criando espaços de diálogo público e de renovação de perspectivas, tornando visíveis modos diversos de pensar o território e o habitar.

A bienal indígena surge no intuito de reconhecer e valorizar os modos de construir e viver dos povos originários, que há séculos habitam esse território de forma sustentável. Suas arquiteturas não se separam da floresta, do rio, mas são capazes de pensar cidades-floresta. Mostram um modo de vida em conexão com a natureza e o mundo, onde o equilíbrio ecológico é condição de existência.

Esse projeto surge em um momento de emergência climática, onde a arquitetura e o urbanismo e o modo de vida das cidades precisam ter suas bases repensadas profundamente. O modelo ocidental de crescimento urbano e consumo de “recursos naturais” mostrou-se insustentável, gerando destruição ambiental e desigualdade social. Frente a isso, os modos de vida e práticas indígenas oferecem alternativas concretas e filosóficas para reconstruir a relação entre o humano e a Terra: o uso consciente dos materiais, o respeito aos ciclos naturais, etc.

A Escola da Cidade e seus parceiros propõem esta bienal justamente num contexto em que a educação e a arquitetura buscam se descolonizar, buscando o entendimento dos saberes ancestrais. A Bienal Indígena será um ato de aprendizado coletivo. Uma oportunidade de reimaginar o que é habitar, projetar e viver em harmonia com o planeta.

Mais do que um evento, esta Bienal é um chamado à transformação: um convite para compreender que a arquitetura indígena não pertence apenas ao passado, mas é uma das chaves para enfrentar os desafios do presente e desenhar futuros possíveis.

A Bienal Indígena é um chamado à ação: ao reconhecer os mestres indígenas como referências, afirmamos que só a união entre memória e conhecimento pode redesenhar o futuro da vida no planeta. Por isso, a Bienal se afirma como uma iniciativa permanente, garantindo que cada edição amplie os frutos de aprendizagem, integração e transformação coletiva.


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Fonte.:Folha de S.Paulo

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