5:15 AM
11 de outubro de 2025

A bonarda é uva número 2 entre os tintos argentinos

A bonarda é uva número 2 entre os tintos argentinos

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Quando se fala em vinho argentino, é quase inevitável que a conversa gire em torno da malbec.

No entanto, a história vitivinícola do país guarda outra protagonista, menos famosa mas igualmente fascinante: a bonarda.

Antes de tudo, é preciso esclarecer que a bonarda argentina não é a mesma bonarda italiana — e aqui começa uma das confusões mais comuns no mundo do vinho.

Na Itália, o nome “bonarda” pode designar diferentes castas, como a bonarda piemontese ou a croatina, usadas em vinhos do Piemonte e da Lombardia, muitas vezes em cortes, resultando em estilos distintos.

Na Argentina, a bonarda é, na verdade, a uva douce noir, de origem francesa (Savoie), também conhecida como corbeau ou charbono nos Estados Unidos.

A bonarda chegou ao país no século XIX, provavelmente pelas mãos de imigrantes italianos ou franceses, e encontrou em solo argentino um lar definitivo.

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Durante boa parte do século XX, foi a variedade tinta mais plantada do país — antes mesmo da ascensão meteórica da malbec.

Seu destino, porém, era modesto: virava vinhos simples, vendidos a granel, para consumo interno.

Eram tempos em que quantidade importava mais que qualidade.

Foi apenas nas últimas décadas que a bonarda começou a viver uma reviravolta.

Com o boom da exportação e a profissionalização do setor, produtores perceberam que esta uva podia render muito mais.

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Nas regiões mais quentes de Mendoza — como San Martín e Rivadavia — há histórico de boa produção, mas, com rendimentos controlados e resultado de cor intensa, aromas expressivos e taninos sedosos.

Em zonas mais frescas, como o Vale de Uco, revela-se capaz de vinhos mais elegantes, com acidez viva e potencial de guarda.

Hoje, a bonarda é a segunda tinta mais plantada da Argentina, atrás apenas da malbec, mas com um perfil de consumo diferente.

Ela é mais versátil no estilo: pode originar desde vinhos jovens, frutados e descomplicados — perfeitos para o dia a dia — até rótulos complexos, amadurecidos em barrica, que disputam atenção com os melhores tintos do país.

Alguns produtores até ousam vinificar bonarda em cortes com malbec, combinando o frescor da primeira com a potência da segunda.

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E como é o sabor da bonarda?

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Comparada à malbec, apresenta diferenças claras.

A malbec costuma entregar mais corpo, taninos macios e uma paleta aromática que vai da ameixa madura à violeta, com notas de chocolate e especiarias quando passa por madeira.

A bonarda, em sua versão pura, tende a ter corpo médio, taninos mais delicados e uma acidez mais marcada, que lhe dá frescor e facilita a harmonização.

Aromaticamente, privilegia frutas vermelhas frescas — cereja, framboesa — e, em alguns casos, toques herbáceos e florais sutis.

Essa acidez natural faz com que a bonarda seja excelente à mesa.

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Vai bem com massas ao molho de tomate, pizzas, carnes brancas e até pratos levemente apimentados.

O futuro da bonarda na Argentina parece promissor.

Talvez nunca desbanque a malbec como símbolo nacional, mas certamente seguirá como a “outra alma” do vinho argentino — menos famosa, porém essencial para compreender a diversidade do país.

No fim das contas, conhecer a bonarda é redescobrir a Argentina sob outro ângulo.

vinho tinto
Sugestão de rótulos (Reprodução/Divulgação)

Nieto Senetiner Single Vineyard Las Tortugas Estate Bonarda 2022Elaborado com 100 % uva bonarda da região de Agrelo, em Mendoza, com 12 meses em barricas de carvalho francês. Cor rubi muito escura. Aromas de madeira nova, defumados, cereja madura, tabaco. Paladar encorpado, com acidez muito boa, taninos maduros e de boa estrutura. Bom potencial de guarda. R$ 539,90. Na Grand Cru.

Rocas Viejas Bonarda 2024: Produzido por Fecovita na região de Mendoza, com 100% uvas bonarda, vinificado em inox, sem passagem por madeira. Cor rubi intensa. Aroma de frutas negras frescas, como ameixa. Paladar de médio corpo, apenas 12,5 % de álcool, com boa acidez, taninos de média estrutura, fácil de beber. R$ 49,90. Na Evino.

Publicado em VEJA São Paulo de 10 de outubro de 2025, edição nº 2965.

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Fonte.: Veja SP Abril

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