8:47 PM
17 de agosto de 2025

“A esquerda abandonou as mulheres”, diz feminista Isabella Cêpa

“A esquerda abandonou as mulheres”, diz feminista Isabella Cêpa

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A ativista feminista Isabella Cêpa, que recentemente conseguiu status de refugiada em um país europeu para evitar prisão após sofrer perseguição judicial por parte da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), criticou o abandono da proteção às mulheres pela militância de esquerda. Segundo ela, a esquerda decidiu abraçar bandeiras identitárias, que não priorizam a defesa das mulheres.

Isabella, que se alinha ideologicamente à esquerda, responde judicialmente no Brasil por crime de injúria racial. A denúncia tem a ver com uma publicação nas redes sociais feita em 2020 sobre o resultado das eleições municipais daquele ano. Nos vídeos, ela questionava que a “mulher mais votada para a Câmara de Vereadores de São Paulo”, Erika Hilton, “era, na verdade, um homem”, como disse à época. A deputada é mulher transexual.

O caso chegou à Procuradoria da República de São Paulo, que recomendou o arquivamento. No entanto Erika Hilton, já no posto de deputada federal, levou o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF), citando uma decisão de 2019 do órgão, que igualou injúria racial à homofobia e transfobia. No início de agosto de 2025, a Procuradoria-Geral da República (PGR) recomendou o arquivamento do pedido, mas o processo segue em tramitação no STF.

Isabella alega que sua corrente política abriu mão de defender as mulheres para abraçar pautas identitárias, no caso, a bandeira trans. A ativista tornou-se alvo de militantes nos últimos dias, após conceder entrevistas a veículos de direita.

“Dizem que sou eu quem está entregando o Brasil nas mãos da direita. Amores, a direita está recebendo o que lhe foi entregue. Não é falta de eu querer um diálogo com a esquerda, é a esquerda que abandonou as mulheres e, vejam só, está entregando de bandeja o nosso debate para a oposição, com a sua negligência”, publicou Isabella Cêpa em suas redes sociais.

A ativista também criticou a falta de interesse em sua causa por parte de veículos de imprensa ligados à esquerda. “Estou absolutamente surpresa com a sensibilidade dos jornalistas da oposição, especialmente sobre o que trocamos em off, sobre meus traumas e vivências. A empatia tem sido fenomenal. Em contraponto, nenhum veículo da esquerda que se coloca como defensor das mulheres parece considerar o caso relevante. Nenhum contato”, lamentou.

Na última segunda-feira (11), Isabella concedeu entrevista ao programa Sem Rodeios, da Gazeta do Povo. “Passaram meu processo da esfera estadual para a federal. E agora está nas mãos do STF decidir se a gente pode ser fiel à biologia, ou se esse processo vai seguir e a gente perdeu completamente a noção”, disse a ativista.

Isabella Cêpa pede sigilo sobre refúgio por questão de segurança

Isabella Cêpa conta com o apoio de organizações nacionais e internacionais – nenhuma delas ligada à esquerda. “Em 2020, Isabella apenas disse uma verdade factual, e outras mulheres estão passando pela mesma situação”, afirma Celina Lazzari, diretora da organização Mulheres Associadas, Mães e Trabalhadoras do Brasil (Matria). A associação enviou uma carta de apoio para o pedido de asilo da publicitária, documento que foi anexado ao processo.

Alegando questão de segurança, a ativista solicitou sigilo em relação ao nome do país que a concedeu status de refugiada. Em nota, sua assessoria informou que “ela está segura em um Estado europeu, protegida sob o mais alto nível de proteção internacional existente, reservado apenas a casos extremos de perseguição política comprovada por parte do Estado”.

“Para mulheres ao redor do mundo, este caso representa um divisor de águas. O caminho para o asilo e a proteção internacional deixou de ser teórico: agora ele tem nome, rosto e precedente legal. E o preço dessa conquista histórica é a exposição do Brasil como um Estado em erosão democrática, marcado pela perseguição política e pela censura institucionalizada”, prossegue a nota.

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Fonte. Gazeta do Povo

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