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6 de outubro de 2025

Anticoncepcional é tão cancerígeno quanto cigarro? Não é o que a ciência diz

Anticoncepcional é tão cancerígeno quanto cigarro? Não é o que a ciência diz

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Talvez essa afirmação tenha passado pela sua linha do tempo nos últimos dias: pílulas anticoncepcionais combinadas são cancerígenas e estão classificadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no mesmo grupo de substâncias famosamente danosas à saúde, como o cigarro ou o amianto.

E, se cruzou com uma postagem mais alarmista, deve ter lido também a provocação: por que elas continuam a ser vendidas livremente?

Antes de mais nada, é bom deixar claro: essa informação não é nova. E sim, existem evidências de que o uso prolongado desse tipo de contraceptivo pode aumentar (levemente) a incidência de alguns tipos de tumores malignos. Mas isso não significa que eles representem o mesmo perigo que o tabaco, o asbesto ou outras substâncias associadas a cânceres.

Entenda melhor a origem dessa história e o que realmente se sabe.

+Leia também: A trajetória da pílula anticoncepcional

O que diz o relatório da OMS

Todo o debate em torno do potencial cancerígeno dos anticoncepcionais combinados de uso oral – um tipo de pílula com estrogênio e progesterona – vem de uma classificação da Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC, na sigla em inglês).

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Em 2007, o órgão vinculado à OMS divulgou um relatório que colocava essas pílulas no chamado Grupo 1 de evidências científicas sobre a possibilidade de causar câncer. Essa é a classificação mais alta, indicando que há estudos robustos e suficientes para afirmar que uma substância ou produto é carcinogênico em seres humanos.

Mas aí reside a grande confusão que costuma ocorrer com as análises da IARC: o relatório se refere apenas ao quão sólidas são as evidências científicas. Ele não faz uma análise de riscos.

Ou seja: é verdade que há estudos associando esse tipo de anticoncepcional a uma maior incidência de alguns cânceres. Mas estar no Grupo 1 não significa que esse risco seja extremamente ampliado na comparação com quem não usa essa pílula.

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Portanto, é irresponsável e falsa a comparação com o cigarro e outros carcinogênicos que multiplicam em várias vezes a chance de ter um câncer. No caso da pílula, mesmo quando há um aumento, o risco continua muito pequeno e não se refere a todos os tipos de tumores, mas especificamente para câncer de mama, cervical e de fígado.

A própria IARC aponta que não há evidências de um risco ampliado quando se fala de câncer de endométrio ou de ovário – pelo contrário, nesses casos os estudos até apontam um potencial protetor. Já quando falamos do cigarro ou do amianto, não há qualquer benefício ou evidência favorável.

Riscos não são segredo

Diante do alarmismo das redes, também vale atenção a outro ponto descrito acima: o relatório é de 2007, ou seja, 18 anos atrás. Não é um segredo guardado a sete chaves. Na verdade, se você ler a bula com atenção, os anticoncepcionais combinados mencionam a existência de estudos falando do possível risco ligeiramente ampliado de certos cânceres.

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Especialistas da área, porém, apontam que os benefícios são muito maiores do que os perigos, quando efetivamente há indicação de uso desse tipo de anticoncepcional para algum tratamento.

Mas, em caso de dúvidas ou temores, a melhor pedida é sempre conversar com seu ginecologista de confiança para entender os riscos e potenciais de cada contraceptivo, e encontrar a alternativa que mais se adapte a seus objetivos e saúde.

Médicos devem abordar com honestidade os efeitos colaterais e contraindicações de qualquer medicamento para que cada paciente possa tomar uma decisão informada.

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Fonte.:Saúde Abril

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