Não tem maneira melhor de reunir gente de todas as idades do que dizer que vai ter churrasco do Antônio Prata, escritor e colunista da Folha. Pelo menos não que eu saiba —ou esteja disposta a experimentar.
Parece um ímã de amigos e crianças, uma coisa mágica, como se a frase “churrasco do Antônio” fosse uma espécie de senha para um universo paralelo, em que todo mundo se dá bem, come bem, às vezes bebe bem também e, no fim, sai todo mundo achando a vida mais gostosa.
Antônio parece sentir um enorme prazer em todas as fases de um churrasco, desde as primeiras mensagens trocadas por WhatsApp, passando pela combinação de dia e hora, as compras, o bota isso pra lá e isso pra cá no local, inclusive arrastando mesas, coisas pesadas, tudo em nome do churrasco sair o mais delicioso possível. E ele faz tudo sem perder a ternura jamais. Nem o humor.
Impossível não querer conhecer esse segredo neste momento específico da minha vida, em que decidi fazer as pazes com as panelas. E eis que num dia qualquer combinamos de gravar um churrasco feito por mim, com a ajuda dele, e que a gente, junto, fez uma estratégia para que ficasse pronto na hora que as minhas filhas chegassem da escola.
Mal sabia eu que elas trariam duas amigas, a Lari e a Liv. E que também viria filar a minha boia o amigo e vizinho Dênis, que morre de fome e não cozinha nada —como eu até um tempo atrás.
Mas fazer um churrasco ainda está bem longe do meu alcance e é melhor admitir isso de uma vez.
Carnes cruas, asinhas de frango empapadas de molho e, o mais chocante de tudo, virar uma linguiça crua do avesso para fazer o que o meu convidado batizou de “choripan desconstruído”. Todo mundo experimentou e adorou, menos eu —foi um pouco além do que eu estava preparada (bichos fofos, não consigo).
Mas todo mundo comeu e adorou, até eu, quando o Antônio me tranquilizou dizendo que não é uma heresia pedir ao churrasqueiro que passe um pouquinho mais a carne, se tiver difícil encarar aquele tom rosinha que todo mundo ama.
E aprendi um monte sobre como fazer o fogo e o que fazer com o fogo, como saber que carne comprar e como lidar com ela, entre muitas outras coisas. Foi um churrasco, aliás, para vegetariano nenhum botar defeito, cheio de legumes e verduras assadas, grelhadas e combinações inusitadas, como queijo-coalho com morango e uva, cobertos por melaço de cana.
Não consigo garantir que no próximo encontro estarei pilotando a churrasqueira. Até porque “churrasco da Teté” ainda não tem o mesmo magnetismo que “churrasco do Antônio”. Mas eu chego lá.
Fonte.:Folha de São Paulo