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14 de novembro de 2025

Anvisa suspende glitters “comestíveis” após detectar plástico e metal desconhecido

Anvisa suspende glitters “comestíveis” após detectar plástico e metal desconhecido

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu, nesta quinta-feira, 13, a venda de quatro marcas de glitter e pós decorativos comumente usados em bolos e doces. Segundo a entidade, os produtos contêm materiais plásticos na composição, embora fossem anunciados como alimentícios.

Em parte dos itens foi constatada, ainda, a presença de um ingrediente classificado pela autarquia como desconhecido: “metal de transição laminado atômico 99”.

As medidas da Anvisa determinam a suspensão da fabricação, comercialização, distribuição, propaganda e uso dos produtos. Também foi definido o recolhimento dos itens já distribuídos.

+Leia também: Glitter comestível tem plástico? Entenda o caso e os cuidados a tomar

Veja lista de marcas e produtos suspensos:

1. Marca Glitz (FAB Indústria e Comércio de Produtos para Artes e Festas Ltda.)
Produto: Glitter para Decoração
Motivo: presença de materiais plásticos e indicação para uso em alimentos em sites da empresa e plataformas de comércio eletrônico.

2. Marca Jeni Joni (Nadja F. de Almeida Confeitos)
Produtos: Glitter/Brilho para Decoração, Pó para Decoração, Pó de Ouro
Motivo: presença de materiais plásticos e indicação para uso como ingrediente alimentar

Outros produtos: Floco de Ouro, Floco de Prata e Floco Rose Gold
Motivo: presença de ingrediente não identificado (“metal de transição laminado atômico 99”)

3. Marca Iceberg Chef (Iceberg Indústria e Comércio Ltda.)

Produtos: Glitter Glow e Glitter Shine, diversas cores.
Motivo: presença de materiais plásticos e sugestão de uso em alimentos nos canais oficiais de venda.

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4. Marca Jady Confeitos (Jady Confeitos Artesanais Ltda..
Produto: Glitter para Decoração, diversas cores.
Motivo: presença de materiais plásticos e indicação para uso como ingrediente alimentar no site da empresa.

Entenda o caso

O problema da presença de plástico em produtos vendidos como “glitter comestível” ganhou em outubro, quando o canal do Youtube Almanaque SOS fez um alerta sobre a composição desses produtos.

A surpresa veio após a página apresentar que, conforme a embalagem, a fórmula de muitos desses brilhinhos era inteiramente de material plástico, identificado como polipropileno (PP) micronizado.

Após a repercussão do caso, a Anvisa respondeu ao canal confirmando que produtos com plástico na composição não devem ser destinados à alimentação, somente para decoração. Desde então, a autarquia começou uma busca ativa pelos glitters ditos “comestíveis”.

Até o momento, foram identificadas 16 marcas desse tipo de item. Nas quatro que foram suspensas nesta semana, a presença de plásticos já foi comprovada. Mas os demais produtos continuam sob investigação.

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A Agência também notificou as plataformas Mercado Livre, Amazon, Shopee e Magazine Luiza para exclusão de propagandas e anúncios desses produtos.

Todo glitter comestível tem plástico?

Não. Alguns produtos desse tipo são seguros para consumo humano (e não contêm plástico). Muitas vezes, eles são fabricados pelas mesmas empresas, em embalagens quase idênticas, e posicionados na mesma área das lojas especializadas e supermercados.

A Anvisa reforça que plásticos, incluindo o polipropileno (PP) micronizado, o “PET” (tereftalato de etileno) e o PMMA (polimetilmetacrilato), não estão autorizados para uso em alimentos. Mas os brilhos e pós podem ser feitos de materiais como açúcar, amido e corantes.

No que diz respeito ao resultado final, o produto apto para ser ingerido é menos brilhante e forma uma massa mais compacta. Portanto, como os dois tipos costumam ser comercializados lado a lado, muita gente prefere comprar o outro, mais atrativo.

Como visto, o glitter composto somente por plástico é um produto meramente decorativo. Em geral, a própria embalagem já avisa que se trata de um “pó para decoração”, mas a falta de explicação sobre os riscos, e a similaridade dos rótulos pode levar a confusões na hora de adquiri-lo.

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No caso das marcas agora banidas pela Anvisa, nem isso. Os produtos estavam sendo realmente vendidos como alimentos.

Plástico já faz parte do cardápio

Apesar do susto (compreensível) com os glitters, uma dura verdade é que já ingerimos microplásticos todos dos dias. Eles chegam ao prato por inúmeros vias: estão nos chicletes, na maior parte dos peixes e já foram achados até em frutas e verduras. E as consequências do seu consumo são pouco animadoras para a saúde.

“A ciência sobre o assunto ainda está sendo construída, mas sabemos que essas partículas se acumulam pelo corpo e causam alterações fisiológicas”, apontou, em entrevista à VEJA SAÚDE, a médica Thais Mauad, professora do Departamento de Patologia da Universidade de São Paulo (USP).|

A pesquisadora coordenou o estudo que identificou microplásticos no cérebro humano pela primeira vez. Além da nossa cabeça, eles também já foram flagrados na placenta, no cordão umbilical e em placas de gordura que se formam nas artérias.

+Leia também: Você já está comendo plástico. Entenda quais são os riscos para a saúde

Por que isso é perigoso?

Ainda faltam estudos robustos, de longo prazo, conduzidos em humanos, para confirmar os efeitos negativos do consumo desses plásticos. Mas já está claro que, uma vez ingeridos, eles não chegam ao organismo só de passagem.

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“Eles circulam pelo corpo, se depositam nos tecidos e há inúmeras evidências de que induzam a respostas celulares adversas”, apontou Mauad.

Algumas análises já conduzidas em pessoas, por exemplo, mostram que a presença de microplásticos em ateromas – acúmulo de gordura nas artérias – pode quadruplicar o risco de infartos e AVCs.

Em outros estudos iniciais, ainda com animais, as partículas geraram inflamação e alterações fisiológicas que, em tese, podem até favorecer processos ligados ao câncer. Ou seja: ainda que faltem mais análises, já sabemos que coisa boa os microplásticos não são.

Como se proteger

Em sua resposta ao canal que veiculou o alerta, a Anvisa reiterou que “plásticos somente podem ser usados em alguns materiais que entram em contato com alimentos”. E, mesmo nesses casos, há uma avaliação de risco.

Para a proteção do consumidor, a agência reforçou a recomendação para que todos leiam bem o rótulo ao adquirir um suposto glitter comestível. Uma lista de aditivos alimentares reconhecidos e liberados pela Anvisa pode ser encontrada neste link.

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Fonte.:Saúde Abril

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