As profecias são catastróficas. Profecias, não! Previsões baseadas em cálculos científicos. Algumas delas com resultados já palpáveis entre nós.
Até 2050, o ar vai ficar mais irrespirável; as águas, mais contaminadas; e as temperaturas, ainda mais insuportáveis. Nem vou entrar em números e detalhes: qualquer relatório assinado por grandes especialistas e instituições os traz em proporções realmente assustadoras.
Já não há como negar. Vivemos uma crise ambiental sem precedentes que coloca em risco nossa sobrevivência e bem-estar. Não estou falando só de populações nos rincões da África ou em ilhas ameaçadas de submersão. Falo de mim, de você, das nossas famílias também.
Um dos maiores erros da humanidade, ao longo dos séculos, foi pensar que a nossa espécie vivia separada da natureza — nós aqui, as plantas, os bichos, os micro-organismos e os ecossistemas lá. Que erro!
Porque tudo está conectado. Sempre esteve. E continuará assim, a menos que o mundo entre em colapso.
Aquecimento global, poluição, enchentes, queimadas, pandemias — esse é um filme que a gente já assistiu ou vivenciou. E que vai virar uma série, sem prazo de temporada final, se não nos mobilizarmos agora.
É para evitar que esse horizonte previsível se converta em realidade que cientistas e ativistas se uniram em torno de um novo conceito e campo do conhecimento, a saúde planetária.
Como destrincha a reportagem capitaneada pelas jornalistas Chloé Pinheiro e Sílvia Lisboa, é sob esse guarda-chuva de ideias e propostas que vicejam algumas das soluções para mitigar a crise ambiental que vivenciamos.
Uma crise dramática porque, a qualquer momento, se revela também uma crise de saúde pública. Ondas letais de calor, zoonoses que se transformam em epidemias, poluentes que intoxicam peixes, aves e seres humanos…
É um efeito em cadeia tenebroso, porque, para o bem ou para o mal, tudo está absolutamente conectado.
Nesse contexto, para pegar emprestada e adaptar livremente a expressão que o escritor Umberto Eco usou como título em seu clássico livro sobre teoria da comunicação, podemos ser apocalípticos ou integrados.
Cruzar os braços e encarar uma profecia autorrealizada ou, a partir da visão mais sistêmica e propositiva da saúde planetária, arregaçar as mangas e desatar as pequenas e grandes atitudes que, junto da atuação de empresas e governos, têm potencial para salvar o globo e a nós mesmos.
Às portas da COP30, um evento que ajudará a definir nosso futuro, me parece que a escolha é óbvia. Afinal, em um mundo doente, as pessoas desta e das próximas gerações também viverão doentes.
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Fonte.:Saúde Abril