O vereador por Cuiabá Rafael Ranalli (PL), oficializou ao presidente estadual do partido, Ananias Filho, sua intenção de disputar a segunda vaga ao Senado Federal na eleição de 2026, ao lado do deputado federal José Medeiros (PL).
A decisão foi formalizada por meio de um ofício entregue à direção estadual do PL, após o próprio presidente nacional da legenda, Valdemar Costa Neto, demonstrar interesse em conhecer melhor o perfil do parlamentar cuiabano.
No documento, Ranalli afirma que é hora de “separar o joio do trigo” dentro do projeto político liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e critica lideranças que, segundo ele, “buscam o apoio da base bolsonarista, mas atacam suas principais referências”.
O texto traz ainda um recado direto à cúpula partidária: se o PL pretende manter sintonia com sua base ideológica, a chapa majoritária em Mato Grosso precisa contemplar representantes do chamado “bolsonarismo raiz”. “Recebi a ligação do presidente Valdemar, que perguntou sobre o Ranalli. Disse a ele que é uma pessoa de boa índole, respeitadora e com todos os atributos de um bom candidato”, disse Ranalli à imprensa.
O presidente ficou feliz, porque é mais um soldado que enfrenta qualquer coisa pela direita, pelo Bolsonaro e pelo Brasil”, afirmou Ananias.
A movimentação de Ranalli ocorre em meio ao acirramento das tensões entre o governador Mauro Mendes (União Brasil) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) — um embate que tem gerado desconforto na base bolsonarista.
Para o vereador, o episódio serviu como alerta para o partido reforçar sua identidade ideológica. “O momento exige coerência. O PL precisa preservar o bolsonarismo raiz na formação da chapa majoritária em Mato Grosso”, defendeu.
Atualmente, há um pré-acordo nacional prevendo o apoio de Jair Bolsonaro à candidatura de José Medeiros ao Senado e ao nome de Mauro Mendes ao governo do Estado. No entanto, o governador ainda não confirmou se pretende disputar o cargo em 2026.
Ranalli, que até recentemente cogitava disputar uma vaga na Câmara dos Deputados, decidiu mudar de planos para fortalecer a ala mais fiel ao bolsonarismo dentro do partido.
O parlamentar afirmou ter comunicado sua disposição ao senador Wellington Fagundes (PL), pré-candidato ao governo. “Se precisar de um soldado para ocupar a segunda vaga do Senado e manter o PL puro, eu estou à disposição. Agora, se for para abrir espaço para quem agride o Eduardo, aí não dá. Não é só uma questão de vaga, é de coerência com quem carregou essa bandeira até aqui”, afirmou.
Ele reforçou que a decisão não é motivada por ambição pessoal. “Venho sem pretensões maiores, mas para ajudar a construir uma direita coesa, uma direita raiz”, acrescentou.
O vereador também criticou as declarações recentes de Mauro Mendes, que ironizou Eduardo Bolsonaro ao afirmar que o deputado deveria “voltar ao Brasil e ajudar o pai”.
Para Ranalli, o comentário foi “desnecessário” e demonstra distanciamento do governador em relação à base bolsonarista. “Dá a impressão de que o Mauro trabalhou a favor do Alexandre de Moraes. É nítido que, se o Eduardo pisar no Brasil, há mandado de prisão contra ele. O que me espanta é um cara que quer surfar na onda do Bolsonaro atacar o filho do Bolsonaro, que representa o bolsonarismo desde o início”, disse.
Ranalli ainda acusou o governador de reproduzir discurso da esquerda, ao responsabilizar Eduardo Bolsonaro pelo “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros — medida que, segundo o vereador, decorre de ações do ministro Alexandre de Moraes. “O Mauro vem colocando isso na conta do Eduardo, o que é a narrativa dos esquerdistas. É complicado, porque ele diz querer se aproximar do nosso grupo, mas esse tipo de discurso só o afasta”, concluiu.
Fonte.: MT MAIS


