A Associação de Familiares e Vítimas de 8 de Janeiro (Asfav) anunciou o encerramento de seu programa de ajuda financeira-social. A decisão, descrita como “difícil”, foi tomada internamente em outubro do ano passado e será concretizada nos próximos meses, com as ajudas prometidas sendo honradas até o final de junho. Após esse prazo, a chave Pix da associação será cancelada.
O fator determinante, segundo a associação, foram os constantes ataques, calúnias e acusações de apropriação indevida dos recursos doados. Membros e advogados da associação relatam sofrer perseguição sistemática, sendo frequentemente chamados de “ladrões”, apesar da Asfav afirmar que todas as suas prestações de contas são públicas e estão disponíveis em seu canal do YouTube.
“Somos a única associação, especialmente entre as que trabalham com familiares e vítimas do 8 de janeiro, que mostra o extrato completo da conta bancária. Mesmo assim, continuamos enfrentando acusações infundadas de falta de transparência”, destacou um dos porta-vozes da entidade.
A situação chegou a um ponto crítico, tornando-se praticamente “impossível trabalhar”, com a equipe dedicando a maior parte do tempo a “resolver problemas, apagar incêndios e responder a pessoas que nos caluniam”.
Impacto da decisão da Asfav e caminhos alternativos
A Asfav manifestou profundo pesar pela decisão, reconhecendo que os maiores prejudicados serão justamente as pessoas mais vulneráveis e necessitadas. “A injustiça de ver quem é necessitado ser prejudicado por essas circunstâncias dói profundamente”, lamentou a entidade.
As ajudas financeiras previstas para maio e junho serão integralmente cumpridas. A partir de julho, porém, as pessoas que dependem desse auxílio precisarão “buscar ajuda em outras instituições”. A associação está trabalhando para direcionar os doadores mensais diretamente às famílias necessitadas, minimizando o impacto da mudança.
Apesar do encerramento do programa de auxílio financeiro, a Asfav garantiu que manterá suas atividades em outras frentes consideradas prioritárias:
- O trabalho político e jurídico pela anistia dos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro
- O atendimento voluntário de advogados e psicólogos às vítimas e familiares
- Desenvolvimento de novos projetos de atuação estadual
- Compromisso contínuo com a transparência e a denúncia de ilegalidades
“Dentro do possível, continuaremos trabalhando de forma séria, transparente e honesta”, reafirmou a associação, que busca preservar a “força e a sanidade” para seguir atuando nas áreas em que pode efetivamente auxiliar seus assistidos, mesmo após quase dois anos e meio de intenso trabalho.
Fonte. Gazeta do Povo