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16 de outubro de 2025

Astroturismo cresce no país em busca de fenômenos celestes – 16/10/2025 – É Logo Ali

Astroturismo cresce no país em busca de fenômenos celestes – 16/10/2025 – É Logo Ali

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“Ora (direis) ouvir estrelas. Certo

Perdeste o senso!”

Os primeiros versos do poema 13 da série Via Lactea, do poeta carioca Olavo Bilac (1865-1918), um dos principais nomes do parnasianismo brasileiro, indicam como prova de “tresloucado amigo” quem, para ouvir as estrelas, abria as janelas “pálido de espanto”. Mas, enquanto para o comum dos mortais a prosa com os astros seria o ato alucinado de um poeta delirante, para um grupo muito contemporâneo, puxar conversa e admiração com a diversidade celeste é uma atividade de ecoturismo que ganha a cada dia mais adeptos em todo o mundo.

De acordo com Dennys Hyde, da Entreparques, estima-se que o mercado de astroturismo, como se chama a atividade que atrai quem quer contemplar fenômenos como eclipses, chuvas de meteoros e céus mais estrelados, movimentou cerca de US$ 250 milhões no mundo no ano de 2023. Com uma projeção de crescimento de 10% ao ano, espera-se chegar aos US$ 400 milhões até 2030.

Claro que, se em 1888 bastava ao poeta abrir as janelas de sua casa no Rio de Janeiro para dedicar um dedo de prosa aos astros, nas cidades modernas do século 21, coalhadas de luzes, a tarefa não é tão simples.

“Há estudos que dizem que estamos aumentando a poluição luminosa no mundo em 10% ao ano”, explica Hyde. “E, embora esses dados estejam concentrados no hemisfério norte, inclusive com o advento das lâmpadas de LED, que são mais eficientes, temos desperdiçado mais luz”, acrescenta.

Se essa realidade tem o lado bom de melhorar a segurança das cidades, o excesso de luminosidade acaba levando mais pessoas a procurarem o escurinho das noites na natureza.

“Os turistas que fazem astroturismo, em geral, trazem mais renda aos locais de observação, porque eles vão acabar pernoitando por ali depois da contemplação”, aponta Hyde.

Embora se trate de uma atividade ainda incipiente no Brasil e sem que haja dados precisos de demanda, já existe uma unidade de conservação certificada pela agência norte-americana Dark Sky Park como “local de céu escuro”. Trata-se do Parque Estadual do Desengano, no norte fluminense, a 269 quilômetros do Rio de Janeiro, primeiro do país a receber a certificação. E de olho no potencial desse segmento, a cidade de Matureia, na Paraíba, a 310 quilômetros da capital João Pessoa e vizinha do Parque Nacional da Serra do Teixeira, aprovou uma lei de proteção a céus escuros em busca de sua própria chancela.

Mesmo sem chancela internacional, outros parques nacionais estão listados no Iastro (Índice de Potencial Astroturístico dos Parques Nacionais) como de alto potencial para a atividade, a partir de uma avaliação criada pelos pesquisadores do projeto Astroturismo nos Parques Brasileiros. Como a Folha informou, entre os excelentes, estão Chapada dos Veadeiros, as nascentes do Rio Parnaíba, Viruá, Serra da Capivara, Serra do Teixeira, Catimbau, Sempre-Vivas, Sete Cidades e Pantanal Mato-Grossense.

Mesmo entre os lugares classificados abaixo de excelentes, mas ainda ótimos segundo o Iastro, está o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, que já oferece pacotes de excursão específicos para essa atividade. E, no Paraná, o Parque Nacional do Iguaçu, classificado como muito bom pelo estudo, vende o passeio chamado Céu das Cataratas, antes restrito a hóspedes do Hotel das Cataratas, e hoje aberto ao público em geral.

Então, vamos ouvir estrelas?


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Fonte.:Folha de S.Paulo

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