Eram meados da década de 1990 quando o então torneiro mecânico Tomaz Emerick decidiu, por curiosidade, começar a construir pequenos torradores de café para ajudar agricultores da região de Manhuaçu, município da Zona da Mata mineira conhecido pela cafeicultura. Hoje, aos 77 anos, Tomaz vê seus filhos e netos à frente da empresa que produz cerca de cem torradores por ano e exporta para países da Europa, América do Norte e Ásia.
Os primeiros equipamentos foram feitos com base no conhecimento que Tomaz trazia da siderurgia. Foram muitas tentativas –e erros– para desenvolver e aperfeiçoar o modelo de torrador ideal.
O início da “aventura” de Tomaz coincidiu com o surgimento do movimento de cafés especiais no Brasil. Com isso, os agricultores começaram a ter interesse na qualidade dos grãos que cultivavam. Ao mesmo tempo, começavam a surgir torrefações em todo o Brasil.
Em meio a tudo isso, surgiu a Atilla, empresa criada por Tomaz e sua mulher, Marlene. Mas, se, por um lado, o crescimento do movimento dos cafés especiais impulsionava as vendas de torradores, por outro o casal precisava enfrentar desafios macroeconômicos, como a inflação em alta e mudança de moeda –conjuntura que dava mais incerteza para pequenos empreendedores.
Às vezes não conseguiam honrar sequer despesas básicas dos negócios. Mas insistiam. Colocavam torradores no carro e saíam vendendo pela região. Certa vez foram parados na estrada em uma blitz e acabaram vendendo um torrador para o policial, que cultivava café na região.
A segunda geração decidiu entrar nos negócios devido a uma circunstância inesperada. Mateus, filho do casal, estava em Belo Horizonte cursando engenharia mecânica na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Mas uma greve fez o jovem repensar seus planos.
“Quando a universidade entrou em greve, ele foi pra casa e falou ‘pai, eu não vou voltar pra UFMG. Vou aprender com o senhor’”, relembra Marlene.
Mateus trouxe modernização ao negócio, introduziu o uso de computadores para desenho e projeto das peças e digitalizou processos que antes eram feitos manualmente.
Hoje, a empresa organiza o prêmio Torrefação do Ano, que é considerado o maior campeonato de torra do mundo.
Agora, com mais de três décadas, a empresa vê a chegada da terceira geração. Johann, neto de Tomaz e Marlene, esteve à frente da organização técnica do prêmio Torrefação do Ano 2025, realizado em novembro, durante a Semana Internacional do Café, em Belo Horizonte.
O casal faz questão de prestigiar o evento, transitar pelo estande da Atilla e ver toda a família envolvida nos negócios que fundaram e, após muita persistência, transformaram na empresa que hoje vende equipamentos para diversos países, como Estados Unidos, França, Noruega e Emirados Árabes Unidos.
Marlene resume essa história de mais de 30 anos assim: “Fazendo um torrador, vendendo, comprando material para fazer outro, e assim ia. Passamos por muita dificuldade. Mas não desanimamos, né? O importante foi isso”.
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Fonte.:Folha de São Paulo


