A insatisfação com o tamanho e a forma do pênis é uma preocupação frequente entre homens de diversas idades e culturas.

A busca por um pênis maior e com melhor funcionalidade pode estar relacionada a questões de autoestima, confiança, desempenho sexual e percepção da masculinidade. Cerca de 50% dos homens querem ter um órgão genital maior, o que pode gerar grande ansiedade para alguns.

O tamanho médio do pênis flácido, bem como a sua circunferência, é cerca de 9 cm, porém há uma grande variação em torno da média.

A indústria do aumento peniano tem crescido significativamente nos últimos anos, oferecendo uma variedade de produtos e procedimentos que prometem aumentar o tamanho, melhorar a aparência e aprimorar a função sexual do pênis.

No entanto, é fundamental que pacientes e profissionais de saúde tenham acesso a informações precisas e baseadas em evidências sobre as diferentes técnicas disponíveis, a fim de tomar decisões informadas e realistas sobre o aprimoramento peniano.

Importante lembrar que alguns homens sofrem de transtorno dismórfico peniano, caracterizado por extrema ansiedade com o tamanho do órgão genital. Essa é uma alteração psiquiátrica que requer tratamento com profissionais de saúde mental. Nessa situação, a cirurgia está contraindicada.

Técnicas não cirúrgicas de aumento peniano

As técnicas não cirúrgicas de aumento peniano são frequentemente a primeira opção considerada pelos homens.

Essas técnicas geralmente são menos invasivas e apresentam um menor risco de complicações em comparação com as abordagens cirúrgicas. No entanto, é importante ressaltar que a eficácia dessas técnicas pode variar significativamente e os resultados podem ser limitados.

• Extensores Penianos: São dispositivos que aplicam uma tração suave e constante ao pênis por um período prolongado. Estudos clínicos têm demonstrado que o uso consistente de extensores pode levar a um aumento de cerca de 1 a 1,5 cm no comprimento do pênis, tanto em estado flácido quanto ereto. Requerem disciplina, com uso de 4 a 6 horas diárias. Possíveis complicações: irritação de pele, dor, hematomas e formigamento.
• Bombas de Vácuo: Criam um vácuo ao redor do pênis, aumentando o fluxo sanguíneo e resultando em ereção temporária. São indicadas para disfunção erétil, mas não para aumento de tamanho. Podem causar lesões e entorpecimento.
• Técnicas de Preenchimento: O ácido hialurônico pode ser injetado para aumentar a circunferência do pênis, com ganho médio de 2 cm. Os resultados duram de meses a 1,5 ano. Riscos incluem inchaço, irregularidades e, em casos graves, necrose. Outras técnicas como lipoenxertia e polimetilmetacrilato apresentam riscos maiores.
• Medicamentos e suplementos: Não possuem comprovação científica de eficácia e podem oferecer riscos à saúde. Devem ser evitados sem orientação médica.

Técnicas cirúrgicas

As técnicas cirúrgicas são reservadas para casos específicos, como micropênis, ou para quem busca resultados mais significativos. São procedimentos invasivos, com riscos de complicações.

• Liberação dos ligamentos penianos: A liberação do ligamento fundiforme aumenta o comprimento do pênis em flacidez (2 a 2,5 cm em média). O ligamento suspensor não deve ser liberado em geral, pois altera a angulação da ereção.
• Retirada da gordura púbica: Indicada para homens obesos com pênis embutido. Pode ser feita por lipoaspiração ou dermolipectomia, esta última mais eficiente.
• Técnicas de engrossamento: Usam retalhos escrotais ou a técnica Dart-Vag, que combina tecidos escrotais e da túnica vaginal para um revestimento mais espesso e vascularizado.

Cirurgias avançadas para casos complexos

• Faloplastia: Cria um novo pênis a partir de tecidos do corpo, indicada para homens trans ou vítimas de amputação. É um procedimento complexo, com várias etapas e riscos importantes.
• Mobilização Total dos Corpos Cavernosos (TCM): Técnica desenvolvida pelos autores, libera os corpos cavernosos de fixações ósseas para aumentar o comprimento do pênis, preservando a sensibilidade e a angulação da ereção.

Considerações finais sobre o aumento peniano

O aumento peniano é um tema complexo, com diversas técnicas, resultados e riscos. A consulta com um urologista especialista em reconstrução cirúrgica é essencial para avaliar cada caso, discutir expectativas e definir o tratamento adequado.

A pesquisa segue avançando, explorando terapias com células-tronco, engenharia de tecidos e melhorias nas técnicas já existentes. Estudos de longo prazo ainda são necessários para avaliar impactos reais na função sexual, qualidade de vida e saúde mental.

*Ubirajara Barroso Jr. é urologista, professor adjunto de Urologia da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, chefe da Unidade do Sistema Urinário do Hospital Universitário Professor Edgard Santos (UFBA), chefe da divisão de cirurgia urológica reconstrutora e urologia pediátrica do Hospital da Universidade Federal da Bahia e chefe do Departamento de Cirurgia Afirmativa de Gênero e Estética Genital da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).