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A polícia australiana afirmou que os suspeitos do atentado que matou ao menos 15 pessoas em Sydney neste domingo (14/12) são pai e filho.
Segundo o comissário de polícia de Nova Gales do Sul, Mal Lanyon, a investigação sobre o tiroteio “progrediu” durante a noite. Ele afirmou os policiais não estão procurando por outro atirador.
Lanyon diz que os dois atiradores envolvidos têm 50 e 24 anos.
Ele confirmou que o homem de 50 anos (pai) morreu no local, enquanto o de 24 anos (filho) permanece hospitalizado em estado crítico.
Cerca de 40 pessoas estão hospitalizadas, incluindo quatro crianças.
O premier Chris Minns (chefe de governo local) afirmou que o ataque foi “planejado para atingir a comunidade judaica de Sydney”.
O que deveria ter sido uma “noite de paz e alegria” foi “despedaçado” por um “ataque horrível e maligno”, disse ele.
O primeiro-ministro Anthony Albanese disse que se tratou de “um ato de antissemitismo maligno, terrorismo que atingiu o coração da nossa nação”, acrescenta.
Albanese afirmou ainda que não há lugar para esse “ato vil de violência e ódio”.
O ataque aconteceu em uma área movimentada e lotada na parte norte da praia de Bondi.
Um homem foi filmado lutando com um dos agressores, tirando a arma que estava com ele e forçando-o a recuar. “Esse homem é um verdadeiro herói, e não tenho dúvidas de que muitas pessoas estão vivas esta noite graças à sua coragem”, disse o premier Minns.
O comissário de polícia Mal Lanyon afirma que haverá uma “investigação significativa” liderada pela unidade antiterrorismo.
Uma testemunha que falou com a BBC descreveu ter corrido com seus filhos de um evento de Hanukkah, um festival judaico, que estava sendo realizado na praia quando o ataque começou.
Mais de 1.000 pessoas estavam curtindo um festival que marcava a ocasião em uma área gramada em Bondi: crianças corriam por toda parte com pinturas faciais, multidões se aglomeravam entre food trucks e muitos curtiam apresentações ao vivo enquanto aproveitavam os últimos raios de sol.
O evento foi realizado em uma área gramada atrás da praia, perto de uma passarela que as pessoas podiam usar para atravessar até a praia — e que os atiradores aparentemente usaram como ponto de observação.
Havia uma barreira de metal instalada ao redor do evento, e as pessoas tinham que entrar e sair por um portão com o que parecia ser uma revista de bolsas, mas a segurança parecia mínima no geral.
Um participante, que se identificou apenas como Barry, descreveu ter visto pessoas ao seu redor serem baleadas enquanto centenas de banhistas começavam a gritar e correr pelo parque para fugir do ataque.
“Era um pandemônio e um caos”, disse ele à BBC.
“Foi simplesmente uma cena inacreditável… nos dias de hoje, que famílias e crianças em Bondi pudessem ser completamente massacradas por serem judias”, disse Barry.
Rabino foi morto em ataque em Bondi
O rabino Eli Schlanger, nascido no Reino Unido, foi morto no ataque em Bondi, confirmou sua família.
Aos 41 anos, ele era pai de cinco filhos, sendo que um deles nasceu em outubro.
O rabino Zalman Lewis, seu primo, disse à BBC News que Schlanger era “animado, enérgico, cheio de vida e uma pessoa muito calorosa e extrovertida que adorava ajudar as pessoas”.
Lewis disse à BBC News que as pessoas deveriam “espalhar luz” praticando atos de caridade em nome de seu primo.
“Eu sei como ele teria reagido e isso foi algo que ele disse recentemente”, afirma.
“Todos os seres humanos na Terra têm uma maneira positiva de contribuir para tornar o mundo um lugar melhor, e nós apenas precisamos continuar espalhando luz. O mundo é um lugar positivo e precisamos mostrar isso, e sei que Eli diria isso.”
Ele contou que Schlanger nasceu no noroeste de Londres e se mudou com a família para Nova York quando era criança, antes de se casar com uma australiana.
“Ele era incrivelmente vivaz. Era cheio de vida, uma pessoa muito agradável e calorosa que realmente gostava de ajudar as pessoas e com quem era sempre um prazer conversar.”
Ataque mais mortal desde 1996
Este ataque tornou-se o ataque mais mortal neste país desde o ataque de Port Arthur.
Em 1996, 35 pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas quando um atirador solitário abriu fogo em um local histórico na Tasmânia.
Esse ataque foi um ponto de inflexão, levando o governo a introduzir algumas das medidas de controle de armas mais rígidas do mundo.
Houve um programa de recompra de armas e um aumento nas verificações dos proprietários, e os ataques diminuíram radicalmente.
Desde então, houve apenas alguns tiroteios em massa, a maioria deles atos de violência doméstica — não ataques em locais públicos como o de hoje.
‘Comecei a correr para salvar minha vida’, diz testemunha
Uma testemunha que estava arrumando seus pertences após um dia na praia de Bondi quando o tiroteio começou disse à BBC News que inicialmente pensou que os tiros fossem fogos de artifício.
“Nunca na minha vida imaginei que algo como um tiroteio pudesse acontecer em Bondi”, diz Marcos Carvalho.
Ele acrescenta que, quando as pessoas na praia começaram a perceber o que estava acontecendo, “todos começaram a correr”.
“Comecei a correr para salvar minha vida”, diz, acrescentando que ele e algumas outras pessoas se esconderam atrás de uma van de sorvete.
Depois que os serviços de emergência chegaram e os tiros cessaram, Carvalho diz que tentou encontrar um caminho para casa, mas passou pela área onde o incidente havia ocorrido e viu “corpos caídos no chão”.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL


